Bolsonaro acompanha ao vivo depoimentos no STF

Nesta segunda-feira (20/5), o Supremo Tribunal Federal (STF) deu início às primeiras audiências com testemunhas no processo que analisa a suposta tentativa de golpe de Estado envolvendo o chamado “núcleo 1” — grupo central da denúncia oferecida pela Procuradoria-Geral da República (PGR), que inclui o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) entre os réus.

Acompanhando a sessão por videoconferência, Bolsonaro apareceu usando camisa amarela, com um mapa verde do Brasil ao fundo. Ele está entre os inscritos autorizados a acessar a sala virtual das audiências, ao lado de advogados, jornalistas e demais interessados previamente cadastrados.

Braga Netto participa da prisão; ministros do STF acompanham

Além de Bolsonaro, os ex-ministros Walter Braga Netto, Augusto Heleno e Paulo Sérgio Nogueira também participam das audiências. Braga Netto, único entre eles que está preso preventivamente, assiste aos depoimentos com sua defesa diretamente da Vila Militar, na zona oeste do Rio de Janeiro.

Embora não seja praxe que o ministro relator participe diretamente das oitivas — tarefa normalmente realizada por juízes instrutores — o ministro Alexandre de Moraes optou por conduzir pessoalmente os trabalhos nesta fase inicial, que inclui testemunhas arroladas pela PGR, como o general Freire Gomes, ex-comandante do Exército nos últimos meses do governo Bolsonaro.

Também acompanharam os trabalhos os ministros Cármen Lúcia, Luiz Fux e Cristiano Zanin, embora, na sala de audiências propriamente dita, estivesse presente apenas o ministro Moraes.

Regulamento rigoroso e garantia de publicidade

Logo na abertura, Moraes fez questão de enfatizar que todas as oitivas seriam gravadas e disponibilizadas nos autos somente ao final de todos os depoimentos, como forma de garantir a integridade dos relatos.

“Uma testemunha não saberá nem ouvirá o depoimento das outras. Todos os depoimentos, no entanto, são públicos. Advogados e imprensa que demonstraram interesse foram autorizados a participar”, afirmou o ministro.

PGR inicia questionamentos; defesa de Mauro Cid será ouvida em seguida

A condução dos questionamentos ficou inicialmente a cargo do procurador-geral da República, Paulo Gonet. Em seguida, a defesa de Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro e colaborador premiado, fará suas inquirições. Por fim, os demais advogados de defesa terão a palavra.

Esta é a primeira audiência de instrução do caso, que pode se tornar um dos mais emblemáticos julgamentos políticos da história recente do país. O “núcleo 1” investigado inclui oito réus: Jair Bolsonaro, Walter Braga Netto, Augusto Heleno, Paulo Sérgio Nogueira, Anderson Torres, Almir Garnier, Mauro Cid e Marcelo Câmara.

Clima tenso e atenção institucional

A audiência ocorre sob forte atenção pública e institucional. O caso é analisado em meio à crescente polarização política e ao debate sobre o papel das Forças Armadas no processo democrático. As oitivas devem se estender por vários dias e são consideradas fundamentais para esclarecer os vínculos entre o ex-presidente, seus aliados militares e a tentativa de abolição do Estado Democrático de Direito, conforme alegado pela acusação.

Compartilhe nas redes sociais

Bruno Rigacci

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Este site usa cookies para garantir que você tenha a melhor experiência em nosso site! ACEPTAR
Aviso de cookies