Constrangedor: Ministros exibem celulares a Lula para provar que não vazaram vídeo de Janja
Em um gesto inusitado, ministros do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva apresentaram espontaneamente seus celulares ao chefe do Executivo durante o voo de volta da China. A atitude buscava demonstrar lealdade após a repercussão de informações envolvendo a primeira-dama, Rosângela da Silva, a Janja, reveladas pela imprensa.
Segundo o portal Metrópoles, o episódio aconteceu após a divulgação de uma reportagem da jornalista Andreia Sadi, no g1, relatando um suposto desconforto gerado por Janja durante um jantar com o presidente chinês, Xi Jinping. No encontro, a primeira-dama teria questionado a atuação do TikTok e criticado o algoritmo da plataforma por supostamente favorecer “conteúdos de direita”.
Reação desconfortável de Lula
Os ministros Carlos Fávaro (Agricultura) e Simone Tebet (Planejamento e Orçamento) lideraram o gesto de mostrar os celulares, como forma de assegurar que não foram fontes das informações vazadas. No entanto, Lula recusou-se a verificar qualquer aparelho e demonstrou incômodo com a situação.
Outros integrantes da comitiva, como Alexandre Silveira (Minas e Energia) e Silvio Costa Filho (Portos e Aeroportos), destacaram que sequer estiveram presentes no jantar. O gesto reforça o ambiente de desconfiança instalado entre auxiliares próximos ao presidente.
Rui Costa sob suspeita
O ministro da Casa Civil, Rui Costa, não se manifestou sobre o episódio. Nos bastidores, porém, alguns colegas o veem como um possível responsável pelos vazamentos, segundo informações do Metrópoles. A suspeita não é nova: desde o início do terceiro mandato de Lula, há tensão interna quanto à relação do núcleo duro do governo com a imprensa.
Desde janeiro, o secretário de Comunicação, Sidônio Palmeira, tenta conter o hábito de ministros e assessores de fornecerem informações anonimamente a jornalistas. O caso atual reacende o alerta no Palácio do Planalto sobre o controle de informações sensíveis.
Janja, Xi Jinping e o TikTok
A polêmica teve origem na recepção oficial na China. De acordo com os relatos, Janja fez críticas diretas ao TikTok, alegando que a plataforma estaria favorecendo conteúdos de viés político conservador. A fala teria causado desconforto visível no presidente Xi Jinping, que respondeu que o Brasil tem liberdade para “banir ou regulamentar o TikTok”, caso deseje.
A reação chinesa foi interpretada como um sinal diplomático delicado. Apesar disso, Janja defendeu-se publicamente, afirmando à CNN Brasil que sua fala foi distorcida e que o mal-estar seria resultado de misoginia.
“Há machismo e misoginia da parte de quem presenciou a reunião e repassou de maneira distorcida o que aconteceu”, declarou Janja.
Tensão interna e desgaste público
O episódio se soma a outros ruídos que vêm marcando a comunicação do governo. Além de reavivar desconfianças internas, o caso põe em evidência a crescente exposição de Janja como figura pública atuante, e os efeitos colaterais dessa visibilidade.
Embora Lula tenha evitado alimentar a polêmica, a necessidade dos ministros em reafirmar fidelidade mostra que o governo vive um momento de sensibilidade extrema quanto ao controle de narrativas.