Trump desafia Lula e avalia classificar PCC e CV como grupos terroristas
A possibilidade de Donald Trump, caso reeleito à presidência dos Estados Unidos, classificar o PCC (Primeiro Comando da Capital) e o Comando Vermelho (CV) como organizações terroristas é um movimento de alto impacto — geopolítico, diplomático e jurídico. A proposta já está provocando tensão com o governo Lula, que se opõe firmemente à medida por motivos legais e políticos.
🔥 Por que isso é relevante?
Essa classificação não exige aval do Brasil. Os EUA têm autonomia para rotular como “terroristas estrangeiros” grupos que atuem internacionalmente e ameacem sua segurança nacional ou a de seus aliados. Isso colocaria as facções brasileiras no mesmo patamar de grupos como Al-Qaeda, Hezbollah ou o Estado Islâmico (Isis).
🧨 O que muda com essa classificação?
Se confirmada, essa medida teria efeitos imediatos e duros, mesmo que o Brasil não reconheça a designação:
Impacto | Descrição |
---|---|
💸 Congelamento de ativos | Qualquer valor ligado ao PCC ou CV em contas nos EUA seria automaticamente bloqueado. |
🧾 Sanções econômicas | Empresas, ONGs e indivíduos que tenham relações comerciais ou financeiras com membros das facções podem ser punidos. |
🚔 Deportações e extradições | Criminosos ligados ao PCC ou CV detidos nos EUA poderiam ser enviados a prisões de segurança máxima, como a CECOT (El Salvador), com base em tratados bilaterais. |
🤝 Ampliação da cooperação internacional | Outras nações alinhadas aos EUA podem seguir o mesmo caminho, dificultando a movimentação financeira e logística das facções. |
O que diz o governo Lula?
O Ministério da Justiça e o Palácio do Planalto se opõem à ideia por três razões principais:
Critério legal brasileiro: pela lei antiterrorismo no Brasil (Lei 13.260/2016), terrorismo exige motivação política, religiosa ou ideológica. O PCC e o CV agem por interesse econômico (tráfico de drogas e armas) — portanto, se enquadram como organizações criminosas, não terroristas.
Preocupação com a banalização do termo “terrorismo”: o governo teme que a classificação seja usada como ferramenta política ou ideológica, inclusive internamente.
Risco de ruptura diplomática: o Planalto teme que a decisão de Trump seja usada para pressionar o Brasil a adotar uma retórica de “guerra ao crime” alinhada aos EUA, o que poderia afetar acordos bilaterais e tratados multilaterais de segurança pública.
⚠️ Tensão com o Congresso e a oposição
A movimentação ganhou apoio no bloco conservador brasileiro, especialmente com parlamentares ligados ao bolsonarismo. O deputado Filipe Barros (PL-PR), por exemplo, usou o caso para atacar o governo, acusando Lula de “passar pano” para o crime organizado e ser seletivo ao tratar como “terroristas” os presos dos atos golpistas de 8 de janeiro, mas não as facções.
🧭 Análise: uma disputa mais ideológica que jurídica
A proposta de Trump também é parte de uma estratégia eleitoral, tanto nos EUA quanto entre aliados brasileiros. Ela reforça o discurso de “lei e ordem” e agrada bases conservadoras, ao mesmo tempo em que pressiona adversários a tomarem posição sobre crime e segurança.
Para o Brasil, porém, há riscos práticos:
A aproximação com Trump e aliados bolsonaristas pode deteriorar as relações com os EUA caso Joe Biden continue no poder.
A classificação pode forçar o Brasil a se reposicionar em fóruns multilaterais e acordos de cooperação que hoje já funcionam bem sem essa designação.
📌 Conclusão
A possível designação do PCC e do Comando Vermelho como organizações terroristas pelos EUA, sob uma eventual presidência de Donald Trump, teria implicações profundas na segurança internacional, nas relações Brasil-EUA e no cenário político interno. Embora a medida vise as finanças e o alcance global das facções, ela também se insere numa disputa ideológica entre modelos de combate ao crime: o de enfrentamento total (linha Trump/Bolsonaro) e o de cooperação legal e diplomática (linha Lula/Biden).