Bolsonaro desabafa: “Se eu for condenado, acabou”

O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) fez uma das declarações mais contundentes de sua trajetória política nesta quarta-feira (15). Em tom de desabafo, afirmou que, caso venha a ser condenado e preso pelo Supremo Tribunal Federal (STF), sua carreira política estará “oficialmente encerrada”. “Se eu for condenado, acabou”, declarou. “Estou com 70 anos de idade. Não tenho mais tempo.”

A fala, feita durante entrevista a apoiadores em Brasília, evidencia uma percepção de fim de ciclo por parte de Bolsonaro. Mesmo com tentativas em curso para reverter sua inelegibilidade no Tribunal Superior Eleitoral (TSE), o ex-mandatário reconheceu que uma eventual sentença de prisão equivaleria à sua “pena de morte política e física”.

Investigado por tentativa de golpe

Bolsonaro é réu em um processo que tramita no STF, acusado de envolvimento direto na suposta tentativa de golpe de Estado entre o final de 2022 e o início de 2023, após a vitória de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) nas eleições. A denúncia foi acatada por unanimidade pela 1ª Turma da Corte, que entendeu haver indícios suficientes para abertura de ação penal.

Além do ex-presidente, outras sete pessoas são investigadas no mesmo inquérito, conduzido pela Procuradoria-Geral da República (PGR). O processo é considerado um dos mais sensíveis da atual conjuntura política, devido à possibilidade de punições severas, incluindo a prisão de figuras centrais do bolsonarismo.

Última chance de retornar ao Planalto

Mesmo inelegível desde 2023, Bolsonaro mantém a esperança de disputar as eleições de 2026. Tem recorrido à Justiça Eleitoral e, nos bastidores, articula apoio político com base na tese de que sofreu perseguição institucional. No entanto, admite que uma eventual condenação criminal sepultaria qualquer plano de retorno ao Palácio do Planalto.

“Essa seria minha última chance de me candidatar novamente. Se não for agora, não será mais”, afirmou.

Direita busca novos líderes

Com o possível fim da era Bolsonaro, a direita brasileira começa a se reorganizar. Nomes como Tarcísio de Freitas (SP) e Romeu Zema (MG) despontam como alternativas viáveis para herdar o capital político do ex-presidente. Parlamentares como Nikolas Ferreira (PL-MG) e Ricardo Salles (PL-SP) também se movimentam para ocupar espaço entre o eleitorado conservador.

Nos bastidores, lideranças da oposição ao governo Lula acompanham com atenção o desfecho do processo no STF. A eventual prisão de Bolsonaro teria impacto não apenas jurídico, mas também simbólico, podendo provocar uma reconfiguração profunda no campo da direita.

Aliados falam em “perseguição política”

A base bolsonarista tem reagido às investigações com discursos inflamados contra o Supremo. Deputados e senadores aliados afirmam que Bolsonaro está sendo alvo de um processo “politicamente motivado”. A estratégia de comunicação do ex-presidente segue apostando na mobilização de sua base por meio das redes sociais e eventos públicos.

A defesa de Bolsonaro, por sua vez, tenta minar a credibilidade das provas apresentadas e argumenta que o processo carece de imparcialidade.

Idade e saúde agravam cenário

Além do cenário jurídico adverso, Bolsonaro enfrenta limitações físicas. Aos 70 anos, já passou por diversas cirurgias desde o atentado sofrido durante a campanha de 2018. Ele mesmo admitiu que, diante de um processo longo e de eventual prisão, não haveria tempo ou condições para um retorno político.

“Não tenho mais tempo. Estou chegando no fim da linha”, disse.

Considerações finais: um ponto de inflexão

A declaração de Bolsonaro de que “acabou” em caso de condenação é simbólica. Representa o reconhecimento de que o tempo e o Judiciário podem encerrar um dos ciclos mais intensos e polarizadores da política brasileira recente.

Seja por decisão judicial, seja por desgaste político e físico, o ex-presidente sinaliza que o fim pode estar mais próximo do que seus apoiadores gostariam de admitir. Ainda assim, seu legado e influência continuarão sendo um ativo importante no tabuleiro político — ao menos por ora.

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Bruno Rigacci

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