Planalto vê interesse de Barroso em embaixada e já cogita nomeação ‘extra’ para o STF

O ministro Luís Roberto Barroso, presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), está sendo apontado nos bastidores do Palácio do Planalto como candidato à aposentadoria antecipada da Corte, logo após o encerramento de seu mandato como presidente, em setembro de 2025. A informação, embora negada oficialmente por Barroso, já movimenta o cenário político em Brasília e pode abrir uma nova janela de nomeação para o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

Segundo fontes próximas ao ministro, Barroso, hoje com 67 anos, teria expressado o desejo de deixar a Corte de forma voluntária, ainda que seu mandato legal se estenda até 2033 — quando completaria 75 anos, idade-limite para aposentadoria compulsória. A ideia seria encerrar sua trajetória no STF após cumprir a missão institucional como presidente e, em seguida, assumir uma embaixada de prestígio na Europa ou investir na carreira de palestrante e acadêmico.

Planalto já trabalha com cenário de substituição

Apesar da negativa pública de Barroso — que afirmou ao PlatóBR que “não existe absolutamente nada disso” — o governo Lula já considera como provável a saída do ministro e discute possíveis nomes para sua sucessão.

O favorito no entorno presidencial seria o atual advogado-geral da União, Jorge Messias, aliado próximo e figura de confiança de Lula. Messias já era cotado nas listas anteriores e teve seu nome ventilado em outras disputas judiciais de alto escalão, mas foi preterido na última vaga, que acabou com o ministro Flávio Dino.

Pressão por nomeação feminina

Dentro e fora do governo, cresce a pressão para que uma mulher seja indicada. Desde a aposentadoria da ministra Rosa Weber, o STF conta com apenas uma mulher, a ministra Cármen Lúcia, o que vem sendo criticado por setores do Judiciário, do Congresso e da sociedade civil.

A expectativa é que, caso Barroso realmente se afaste, Lula enfrente uma cobrança pública ainda maior por representatividade de gênero no Supremo. O movimento vem em consonância com a crescente demanda por diversidade e equilíbrio de gênero nas instituições públicas brasileiras.

O que diz a regra

Sem considerar aposentadorias antecipadas, o próximo ministro a deixar o STF por idade seria Luiz Fux, em 2028. Isso significa que, sem a saída de Barroso, Lula não teria mais nenhuma vaga para preencher no Supremo durante este mandato, que termina em dezembro de 2026.

Um STF com a cara do governo

Caso Barroso de fato se antecipe e Lula nomeie um novo ministro, o presidente deixará o Supremo com quatro ministros indicados por ele: Cristiano Zanin, Flávio Dino, e possivelmente dois outros — algo que marcaria fortemente a atual composição da Corte e consolidaria um perfil jurídico mais afinado com a visão progressista e institucionalista do atual governo.

Próximos passos

Embora tudo ainda esteja no campo das possibilidades e das articulações de bastidores, o tema já impacta a disputa por espaço no Judiciário e no meio político. Se Barroso optar por sair, o gesto não apenas alterará a configuração do STF, como também reforçará o protagonismo do Executivo na moldagem do futuro da Corte — e, por consequência, no equilíbrio entre os Poderes da República.

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Bruno Rigacci

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