MST quer R$ 1 Bilhão do governo para financiar seus assentamentos

O Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) deve solicitar ao governo federal um repasse de R$ 1 bilhão para financiar assentamentos rurais em diversas regiões do Brasil. A informação foi revelada pela Folha de S.Paulo e a demanda será formalizada nesta sexta-feira (10), durante reunião com parlamentares e representantes do Executivo, na Feira Nacional da Reforma Agrária, que ocorre até domingo (11), em São Paulo.

Reivindicação

Segundo Débora Nunes, coordenadora nacional do MST, há urgência na ampliação dos recursos públicos voltados à aquisição de terras e estruturação de assentamentos. O movimento afirma que já ocupa terras com cerca de 65 mil famílias, mas que com R$ 100 milhões seria possível assentar 4 mil famílias de forma imediata. Com isso, um orçamento de R$ 1 bilhão poderia ampliar significativamente a capacidade de regularização fundiária e infraestrutura de apoio às famílias.

Participação política

A feira conta com a presença de figuras centrais do governo Lula e do Legislativo, como:

  • Geraldo Alckmin, vice-presidente da República

  • Hugo Motta (Republicanos-PB), presidente da Comissão de Orçamento da Câmara

  • Paulo Teixeira, ministro do Desenvolvimento Agrário

  • Gleisi Hoffmann, presidente nacional do PT e ministra de Relações Institucionais

  • Márcio Macedo, ministro da Secretaria-Geral da Presidência

A presença dessas autoridades reforça o peso político do evento e evidencia o diálogo direto entre o MST e a cúpula do governo federal, num momento em que a oposição tenta endurecer o discurso contra invasões de terras.

Invasões e polêmicas

O pedido ocorre em meio a forte repercussão de ações do MST em abril, quando o movimento promoveu o chamado “Abril Vermelho”, com 35 ocupações em 20 Estados do país. Além disso, entre os dias 14 e 17 de março, foram registradas outras 70 ações de ocupação, segundo levantamento da Revista Oeste.

O movimento justifica as invasões com base na função social da terra prevista na Constituição Federal, alegando que diversas propriedades são “improdutivas” e, portanto, passíveis de desapropriação para fins de reforma agrária.

Pressão e resistência

A ofensiva do MST reacende debates sobre a política agrária do governo Lula, e já provoca reações dentro do Congresso. O deputado Marcel van Hattem (Novo-RS) apresentou projeto para suspender normas que restringem prisões em flagrante em invasões, buscando endurecer o enfrentamento ao movimento.

A solicitação bilionária do MST colocará o governo Lula diante de um dilema político e orçamentário: atender à base social histórica do PT ou evitar o desgaste com o setor produtivo rural e o centro político, especialmente em um cenário de polarização e atenção à execução fiscal.

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Bruno Rigacci

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