Julgamento sobre proteção a Ramagem abre nova crise entre Câmara e STF, avaliam líderes

A tensão entre o Supremo Tribunal Federal (STF) e a Câmara dos Deputados voltou a crescer após a Primeira Turma da Corte rejeitar o trancamento total da ação penal contra o deputado Alexandre Ramagem (PL-RJ) — contrariando a resolução aprovada pela Câmara com 315 votos favoráveis.

O conflito em resumo:

  • A Câmara aprovou uma resolução para suspender todo o processo contra Ramagem, alegando o direito constitucional de paralisar ações penais contra parlamentares por crimes cometidos após a diplomação.

  • O STF entendeu que essa imunidade é “personalíssima” e “temporal”, e que não pode ser estendida a outros réus (como Jair Bolsonaro) nem a crimes ocorridos antes da diplomação.

  • O relator, Alexandre de Moraes, afirmou que permitir isso violaria preceitos básicos do Estado Democrático de Direito.

  • A maioria dos ministros da Primeira Turma seguiu Moraes, mantendo apenas parcialmente a suspensão da ação contra Ramagem — dois dos cinco crimes pelos quais ele responde.

Reação do Congresso:

Setores da oposição e do Centrão acusam o STF de extrapolar sua competência e interferir nas prerrogativas parlamentares. A decisão gerou irritação no presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), que já vinha criticando a atuação do Judiciário:

“O Judiciário está se metendo em praticamente tudo, e isso não é bom para o país”, disse Motta em abril.

Na visão de lideranças parlamentares, o voto de Moraes e da maioria dos ministros reforça uma percepção de perseguição política, especialmente contra aliados do ex-presidente Bolsonaro. A situação aumenta a pressão para que o Congresso reaja institucionalmente, possivelmente com novos embates sobre limites entre os poderes.

Próximos passos:

O julgamento segue até terça-feira (13) no plenário virtual. Enquanto isso, lideranças da Câmara articulam formas de pressionar o STF e consolidar um discurso de defesa das prerrogativas legislativas. Pode haver novos desdobramentos, inclusive em tentativas de reformas legislativas ou convocação de ministros para explicações.

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Bruno Rigacci

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