Em Moscou, Lula Joga a Culpa das Fraudes no INSS no Governo Bolsonaro

Durante visita oficial a Moscou, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) voltou a atribuir ao governo de Jair Bolsonaro (PL) a responsabilidade pelo esquema de fraudes no Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), que desviou bilhões de reais de aposentados e pensionistas. No entanto, apesar das acusações contundentes, o escândalo não apenas persistiu como se agravou ao longo do atual mandato, atingindo dimensões alarmantes.

Atualmente, o número de vítimas das fraudes ultrapassa 6 milhões de brasileiros, e os prejuízos estimados somam R$ 6,3 bilhões — valores que refletem não só a magnitude do problema herdado, mas também a falta de ação efetiva do atual governo para contê-lo.

Descontos irregulares só cessaram após pressão pública

Mesmo com ampla divulgação das irregularidades pela imprensa e denúncias de entidades de defesa do consumidor, os descontos indevidos só foram suspensos oficialmente em abril de 2025, mais de um ano após o início do atual governo.

Enquanto isso, o presidente Lula seguiu minimizando a continuidade do esquema, afirmando que “devolver ou não vai depender de você constatar a quantidade de pessoas enganadas”, sem oferecer prazos ou plano de ressarcimento às vítimas.

Demissões e afastamentos sem resposta concreta

Após a pressão pública e o aprofundamento das investigações, o governo federal anunciou medidas administrativas, como:

  • Afastamento de seis servidores envolvidos;

  • Demissão do então presidente do INSS, Alessandro Stefanutto;

  • Saída do ministro da Previdência, Carlos Lupi (PDT).

No entanto, as mudanças no alto escalão ainda não foram acompanhadas por ações concretas de reparação financeira. Até agora, o Palácio do Planalto não divulgou qualquer cronograma de devolução dos valores ou plano de compensação para os milhões de atingidos.

“Não tenho pressa”, diz Lula

Em sua declaração mais recente, Lula enfatizou que o governo não tem pressa para concluir a apuração do caso. “Nós vamos a fundo para saber quem é quem nesse jogo”, afirmou o presidente, reiterando a busca por ligações com integrantes do governo anterior, mas sem comentar a responsabilidade atual pela contenção e ressarcimento das fraudes.

“O que eu quero é que a gente consiga apurar para apresentar ao povo brasileiro a verdade e somente a verdade”, disse.

Enquanto isso, presidente embarca para a China

Logo após a entrevista, Lula embarcou para Pequim, onde será recebido pelo presidente Xi Jinping em visita oficial de dois dias. A ausência do presidente em um momento de crise interna acentuou as críticas de opositores e de representantes das vítimas, que esperavam medidas mais imediatas.

Desconfiança e frustração crescem entre aposentados

Enquanto o governo centraliza seus esforços em agendas internacionais, a frustração entre aposentados e pensionistas cresce, especialmente diante da falta de respostas práticas. Muitos relatam dificuldade em acessar informações e continuam enfrentando dificuldades financeiras causadas pelos descontos indevidos.

A Controladoria-Geral da União (CGU) e a Polícia Federal seguem com as investigações, que indicam que o esquema se ramificou em diferentes setores e envolveu associações fantasmas, contratos de desconto indevido e venda de dados pessoais. Parte dessas práticas já era conhecida durante o governo Bolsonaro, mas se intensificou nos últimos dois anos.

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Bruno Rigacci

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