Moraes diz estar “Magoado” com pedidos de suspeição
Durante sessão da Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) nesta terça-feira (6), o ministro Alexandre de Moraes desabafou publicamente sobre o crescente número de pedidos de suspeição protocolados contra ele em diversos processos, especialmente aqueles ligados à suposta tentativa de golpe de 8 de janeiro de 2023. Visivelmente contrariado, Moraes afirmou estar “magoado” e insinuou que os pedidos são parte de uma estratégia para descredibilizar sua atuação no tribunal.
“Fico extremamente magoado, porque, quando surge o nome do ministro Fux, ninguém pede a suspeição dele. Quando aparece o meu nome, são 868 pedidos de suspeição. Suspeito é quem está pedindo a minha suspeição. É impressionante”, afirmou Moraes.
A fala ocorreu em meio ao julgamento de sete denunciados pela Procuradoria-Geral da República (PGR) por envolvimento em articulações digitais contra o sistema eleitoral e por incitação à desordem institucional com o objetivo de manter Jair Bolsonaro no poder. O grupo integra o chamado “núcleo 4” da investigação conduzida pela Corte.
Comparação com Fux e críticas à imparcialidade
A manifestação do ministro foi provocada por uma fala do colega Luiz Fux, que mencionou a atuação da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) em relação às urnas eletrônicas, classificando ações de espionagem como “bisbilhotagem ridícula”. Aproveitando o gancho, Moraes expressou incômodo com o tratamento diferenciado entre ministros da Corte, sugerindo que os ataques pessoais são motivados por ele estar à frente de casos politicamente sensíveis.
Pedidos de suspeição: legítimos, mas repetitivos
Nos bastidores do STF, o volume elevado de pedidos de suspeição contra Moraes é interpretado por juristas como uma tática de obstrução por parte de setores investigados. Embora legalmente válidos, a maioria dessas contestações tem sido rejeitada por falta de fundamentação objetiva sobre eventual parcialidade do magistrado.
Relator de casos polêmicos
Alexandre de Moraes tem concentrado relatórios de ações ligadas a aliados do ex-presidente Jair Bolsonaro, movimentos antidemocráticos, desinformação digital e ataques às instituições — o que o tornou alvo recorrente de críticas por parte da oposição. Esses grupos o acusam de atuar politicamente e de extrapolar sua função constitucional, embora o STF, de maneira unânime, tenha reiterado sua legitimidade e competência nas decisões proferidas.
Clima de tensão no julgamento do “núcleo 4”
Os sete denunciados julgados nesta sessão — Ailton Barros, Ângelo Denicoli, Carlos Moretzsohn, Giancarlo Rodrigues, Guilherme de Almeida, Marcelo Bormevet e Reginaldo Abreu — são acusados de integrar uma estrutura de comunicação voltada à desinformação, com uso sistemático de redes sociais para atacar o sistema eleitoral e fomentar desestabilização institucional.
O caso reforça o peso político que o STF carrega neste momento da história democrática brasileira, assim como os riscos de sobreposição entre o papel técnico do Judiciário e o ambiente ideologicamente polarizado no qual ele atua.