Cardeais iniciam isolamento no Vaticano para o conclave

A partir desta terça-feira (6), os 133 cardeais com direito a voto começam a se instalar na residência de Santa Marta e em outras dependências do Vaticano, onde permanecerão completamente isolados do mundo exterior até a escolha do sucessor do papa Francisco. O conclave — processo solene e sigiloso para eleger o novo pontífice — será iniciado oficialmente às 15h (10h de Brasília) da quarta-feira (7), com o corte de todos os sinais de telefonia e internet no interior da Cidade do Vaticano.

O novo papa será o 267º líder da Igreja Católica, responsável por guiar espiritualmente cerca de 1,4 bilhão de fiéis em todo o mundo. A sucessão de Francisco, o primeiro papa latino-americano e jesuíta da história, desperta expectativas tanto pelo seu legado reformista quanto pelas tensões internas que seu pontificado gerou dentro da cúria romana.

Sigilo absoluto

Durante o conclave, os cardeais — também chamados de “príncipes da Igreja” — estarão proibidos de usar celulares, acessar a internet ou manter qualquer tipo de comunicação com o mundo exterior. O juramento de sigilo também foi estendido a todos os funcionários autorizados a permanecer no Vaticano durante o processo: médicos, cozinheiros, faxineiros e até ascensoristas. A quebra de confidencialidade pode levar à excomunhão.

Os cardeais eleitores têm menos de 80 anos e vêm de 70 países diferentes, tornando esta a eleição papal mais internacional da história. A maioria foi nomeada pelo próprio Francisco, o que pode influenciar na escolha de um sucessor que dê continuidade à sua visão pastoral, social e descentralizadora da Igreja.

Expectativa nas ruas e no mundo

Enquanto isso, na Praça de São Pedro, milhares de fiéis e curiosos se reúnem diante da chaminé da Capela Sistina, atentos ao tradicional sinal visual: a fumaça branca, que anunciará ao mundo a eleição do novo papa. Em 2005, Bento XVI foi eleito em dois dias; o mesmo aconteceu com Francisco em 2013. No entanto, analistas preveem que o conclave de 2025 pode levar mais tempo, dada a complexidade dos desafios atuais e a diversidade cultural dos cardeais.

Reflexão e preparação final

Nesta terça, os cardeais participam da última reunião preparatória antes da missa solene de quarta-feira, que marca o início do conclave. Nas reuniões anteriores, discutiram temas centrais como a crise de abusos sexuais, as finanças da Santa Sé, o papel da mulher na Igreja, o avanço do secularismo e a necessidade de unidade em tempos de polarização interna.

A escolha do novo pontífice é cercada de incertezas, mas o perfil buscado parece claro: alguém capaz de liderar uma Igreja em transformação, lidar com crises internas profundas e manter o diálogo com um mundo cada vez mais distante da fé institucional.

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Bruno Rigacci

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