Marcel enquadra Lewandowski e complica a situação do diretor da PF
Durante audiência pública na Câmara dos Deputados nesta terça-feira (29), o deputado federal Marcel van Hattem (Novo-RS) fez duras críticas à condução da Polícia Federal (PF) e confrontou diretamente o ministro da Justiça e Segurança Pública, Ricardo Lewandowski. O parlamentar expressou preocupação com o que considera uma crescente politização da PF, especialmente sob a liderança do atual diretor-geral, Andrei Rodrigues.
Van Hattem cobrou esclarecimentos sobre a atuação da corporação e levantou dúvidas sobre sua independência em relação ao governo federal. Em sua fala, o deputado afirmou que há uma divisão interna na PF entre agentes que atuariam de forma técnica e outros supostamente alinhados a interesses políticos do Executivo.
Críticas à gestão e perfil do diretor-geral da PF
O principal alvo das críticas do parlamentar foi Andrei Rodrigues, indicado por Lula para o comando da PF. Segundo van Hattem, o diretor-geral estaria atuando de forma parcial, adotando posturas e declarações que, segundo ele, revelam alinhamento político com o governo.
O deputado mencionou entrevistas de Rodrigues em que o diretor, na sua avaliação, agiu mais como defensor do governo do que como chefe de uma instituição autônoma. Para van Hattem, essa postura compromete a imagem e a confiança da sociedade na PF.
Ministro evita embate direto
Durante a audiência, o ministro Ricardo Lewandowski respondeu às críticas de forma cautelosa e evitou confrontos diretos com o deputado. Segundo aliados do governo, a postura do ministro foi vista como institucional, mas opositores classificaram suas respostas como evasivas e insatisfatórias.
Van Hattem afirmou que a ausência de respostas claras por parte do ministro reforça a suspeita de interferência política na corporação. “Estamos vendo a Polícia Federal ser transformada em instrumento de defesa do governo, e não mais do interesse público”, disse o deputado.
Debate sobre autonomia institucional
O episódio reacendeu o debate sobre a autonomia de órgãos de Estado, como a PF. Parlamentares da oposição defendem que a corporação deve manter distância do Executivo, especialmente em investigações sensíveis que possam envolver figuras ligadas ao governo.
A audiência também expôs um ambiente de tensão entre o Parlamento e o Ministério da Justiça, em um momento em que a Polícia Federal tem papel de destaque em investigações que envolvem figuras públicas de diversas esferas.
Considerações finais
O confronto entre Marcel van Hattem e Ricardo Lewandowski expõe uma das principais frentes de disputa política em Brasília: a preservação da independência das instituições investigativas. Críticas à politização da Polícia Federal não são novas, mas ganham relevo em contextos de instabilidade ou suspeitas de interferência.
A expectativa é de que o tema continue em discussão nos próximos meses, especialmente com a tramitação de inquéritos no STF e o avanço de investigações que envolvem autoridades públicas.