Lula Nomeia Gilberto Waller Júnior Como Novo Presidente do INSS
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) nomeou nesta terça-feira (30) o procurador federal Gilberto Waller Júnior como novo presidente do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS). Ele substitui Alessandro Stefanutto, demitido na semana passada após a deflagração da Operação Sem Desconto, que revelou um esquema bilionário de fraudes envolvendo descontos indevidos nos benefícios de aposentados.
A nomeação ocorre em meio à maior crise institucional do INSS em anos. A autarquia foi atingida por denúncias de que milhares de aposentados foram filiados de forma fraudulenta a entidades associativas, com mensalidades sendo descontadas diretamente da aposentadoria sem consentimento. Segundo revelações do portal Metrópoles, o faturamento dessas entidades cresceu mais de 300% em um ano, enquanto acumulavam mais de 60 mil ações judiciais.
Perfil técnico e histórico na área de integridade
Waller chega ao cargo com a missão de reconstruir a credibilidade do INSS. Com perfil técnico e trajetória voltada à fiscalização e controle interno, é bacharel em Ciências Jurídicas e Sociais, pós-graduado em combate à corrupção e lavagem de dinheiro, e acumula experiência como ouvidor-geral da União (2016–2019), além de ter exercido funções como corregedor em diversos ministérios. Até sua nomeação, ocupava o cargo de corregedor da Procuradoria-Geral Federal, órgão ligado à Advocacia-Geral da União (AGU).
Waller também teve papel de destaque na implementação da Lei de Acesso à Informação (LAI) no governo federal — mecanismo que, ironicamente, foi decisivo para a revelação do escândalo que culminou na queda da antiga direção do INSS.
Resposta institucional à crise
A Operação Sem Desconto, conduzida pela Polícia Federal e pela Controladoria-Geral da União (CGU), investiga o envolvimento de servidores públicos e empresários em um esquema que pode ter causado prejuízos superiores a R$ 6,3 bilhões. O governo federal já afastou, além de Stefanutto, nomes como o ex-diretor de Benefícios André Fidelis, também citado nas investigações.
A nomeação de Waller é vista como uma tentativa do Palácio do Planalto de conter o desgaste político e reforçar a integridade da autarquia. A crise também pressiona o ministro da Previdência, Carlos Lupi, que permanece no cargo, mas tem sido alvo de críticas e questionamentos da oposição.