Harvard cede a pressão de Trump e muda nome de departamento

A Universidade de Harvard anunciou a mudança do nome de seu Departamento de Diversidade, Equidade e Inclusão (DEI), que agora passa a se chamar “Comunidade e Vida no Campus”, em meio ao crescente confronto com o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. A decisão vem após o governo federal congelar US$ 2,2 bilhões (cerca de R$ 12,36 bilhões) em financiamento para a instituição, alegando práticas discriminatórias sob o pretexto de diversidade.

O anúncio foi feito por e-mail nesta segunda-feira (28), pela diretora do então escritório de DEI, Sherri Ann Charleston, e divulgado à imprensa no dia seguinte. A mudança tem efeito imediato.

Charleston, citando o presidente interino de Harvard, Alan Garber, afirmou que o objetivo do novo departamento será o de “promover uma comunidade que abrace as diferenças”, ao mesmo tempo em que respeita a legislação federal, que proíbe decisões institucionais com base em raça. A mudança de postura marca uma tentativa da universidade de equilibrar seus valores históricos de inclusão com as exigências legais impostas pela atual administração.

“Devemos nos concentrar nas experiências e contribuições únicas de cada indivíduo, e não nos amplos grupos demográficos aos quais pertencem”, destacou Charleston.

Cortes, pressões e fim de eventos multiculturais

Além da mudança de nome, Charleston comunicou, em um segundo e-mail, que Harvard deixará de financiar eventos multiculturais de formatura, nos quais estudantes de diferentes grupos étnicos celebram suas culturas de forma separada antes da cerimônia oficial. A medida foi tomada após o Departamento de Educação dos EUA ameaçar ampliar os cortes de verba caso tais encontros continuassem a ser promovidos.

Harvard é uma das principais instituições visadas pela Força-Tarefa Federal de Combate ao Antissemitismo, criada por Trump, que acusa a universidade de aplicar políticas de “ação afirmativa” e de não assegurar o que chama de “diversidade de ideias”, especialmente em relação a alunos estrangeiros e posicionamentos políticos conservadores.

Processo em andamento

A tensão culminou com a abertura de um processo judicial movido por Harvard contra o governo federal, contestando o congelamento de fundos. A primeira audiência está marcada para 21 de julho, em um tribunal de Boston, quando as partes deverão apresentar seus argumentos iniciais.

A mudança no nome do departamento é vista por analistas como uma tentativa estratégica de reduzir o impacto político da crise e preservar parte do financiamento, enquanto a universidade lida com crescentes pressões para revisar seus programas de diversidade.

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Bruno Rigacci

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