Carlos Lupi sobre fraude: ‘A gente sempre soube, não vamos fingir’

O ministro da Previdência Social, Carlos Lupi, admitiu nesta terça-feira (29) que já tinha conhecimento prévio de denúncias envolvendo fraudes no Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), mas afirmou ter sido surpreendido com a extensão e a organização do esquema criminoso que desviou R$ 6,3 bilhões de aposentados e pensionistas. A revelação ocorreu durante sua participação na Comissão de Previdência, Assistência Social, Infância, Adolescência e Família da Câmara dos Deputados.

— Eu praticamente fui surpreendido com o volume disso. Eu sabia que tinha uma denúncia aqui, outra acolá. A gente sempre soube, não vamos fingir… o 135 denunciava isso, a gente recebia queixa, a própria plataforma do INSS aparecia com algumas pessoas denunciando. Agora nesse quantitativo, com uma organização, com uma quadrilha verdadeira, eu tomei conhecimento agora e isso não pode continuar — afirmou Lupi a jornalistas após a audiência.

A oitiva do ministro já estava agendada antes da deflagração da Operação Sem Desconto, conduzida pela Polícia Federal, que expôs o esquema milionário de fraudes dentro do INSS. Segundo as investigações, associações e sindicatos estariam aplicando descontos irregulares nas aposentadorias e pensões de milhares de beneficiários sem autorização prévia.

Reclamações em massa

Um levantamento da Controladoria-Geral da União (CGU) revelou que, apenas no primeiro semestre de 2024, 742.389 beneficiários do INSS registraram pedidos de cancelamento do chamado “desconto associativo”. Em 709 mil desses casos (95,6%), os aposentados relataram que nunca autorizaram a cobrança feita diretamente na folha de pagamento.

As queixas chegaram por meio dos canais oficiais de atendimento do INSS, como o telefone 135 e a plataforma digital da autarquia. Os dados reforçam a gravidade do problema e indicam um sistema de fraude institucionalizada, operado com aparente impunidade durante anos.

Repercussão e providências

A revelação do esquema gerou forte reação no Congresso Nacional, com parlamentares cobrando medidas mais rígidas para proteger os beneficiários e responsabilizar os envolvidos. Lupi afirmou que o governo está trabalhando para reforçar os mecanismos de fiscalização e impedir novas fraudes.

A Operação Sem Desconto segue em andamento, e novas fases não estão descartadas. O escândalo expôs vulnerabilidades profundas no sistema previdenciário brasileiro e deve provocar mudanças na regulação dos convênios entre o INSS e entidades de representação de classe.

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Bruno Rigacci

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