Espanha declara estado de emergência após apagão em todo o país

Um apagão de grandes proporções atingiu a Espanha na manhã desta segunda-feira, afetando milhões de pessoas e paralisando serviços essenciais em todo o país. O blecaute, que teve início por volta das 12h (horário local, 7h de Brasília), rapidamente se espalhou, impactando também Portugal e partes da França, Alemanha e Andorra. Diante da crise, o governo espanhol declarou estado de emergência nacional e mobilizou forças de segurança para conter os efeitos do colapso energético.

Infraestrutura Paralisada e Serviços em Colapso

O apagão causou transtornos severos em várias regiões, com destaque para Madri, Andaluzia e Extremadura, onde o transporte público foi interrompido e hospitais operaram apenas com geradores de emergência. O metrô da capital parou completamente, deixando passageiros presos em vagões e exigindo evacuações. A operadora ferroviária Renfe suspendeu os serviços em todo o território, enquanto os aeroportos de Barajas (Madri) e El Prat (Barcelona) operaram de forma limitada.

Semáforos desligados provocaram congestionamentos caóticos, e autoridades locais pediram que a população evitasse deslocamentos desnecessários. Hospitais como o Doce de Octubre suspenderam cirurgias não urgentes, e eventos como o torneio de tênis Madrid Open foram interrompidos.

As falhas se estenderam às telecomunicações, afetando ligações telefônicas e o uso de aplicativos como WhatsApp. A comunicação com serviços de emergência também foi comprometida, dificultando a coordenação das respostas.

Corrida por Suprimentos e Medo de Desabastecimento

Com a incerteza sobre a duração do apagão, moradores de cidades como Madri e Lisboa correram aos supermercados, esvaziando prateleiras em busca de água, alimentos e lanternas. Em Portugal, a empresa de abastecimento Epal alertou para possíveis interrupções no fornecimento de água, intensificando o clima de apreensão.

Resposta Governamental e Mobilização de Segurança

O primeiro-ministro da Espanha, Pedro Sánchez, convocou uma reunião extraordinária do Conselho de Segurança Nacional e visitou a sede da Red Eléctrica, operadora da rede elétrica do país. Em pronunciamento, pediu calma e recomendou o uso mínimo de celulares, além do contato com serviços de emergência apenas em casos graves. “Nenhuma hipótese está descartada”, afirmou Sánchez sobre as possíveis causas do apagão.

Por volta das 21h (16h de Brasília), a Red Eléctrica informou que cerca de 20% da capacidade energética do país havia sido restabelecida, com avanços em regiões como Catalunha, Galiza e Aragão. Estima-se que a normalização completa possa levar até 10 horas, com áreas que devem permanecer sem luz durante a noite.

Para garantir a segurança pública, o governo mobilizou 20.000 policiais extras nas ruas, com foco em centros urbanos. Em Portugal, o patrulhamento também foi reforçado.

Causas Ainda Incertas e Investigações em Curso

As causas do colapso energético seguem sob investigação. Inicialmente, a portuguesa REN associou o apagão a um raro fenômeno atmosférico causado por variações extremas de temperatura, hipótese depois descartada. A Red Eléctrica apontou uma desconexão na rede elétrica europeia, possivelmente iniciada em território espanhol, como fator desencadeante.

Autoridades dos dois países investigam também a possibilidade de um ciberataque, embora não haja, até o momento, evidências concretas de sabotagem. Notícias falsas circularam nas redes sociais, incluindo alegações de um ataque russo, prontamente desmentidas pelas autoridades. A Comissão Europeia acompanha o caso de perto.

Alerta e Prevenção: Europa em Estado de Vigilância

O apagão ocorre em meio a crescentes alertas da União Europeia sobre a necessidade de preparação para emergências. Há semanas, a Comissão Europeia recomendou a criação de “kits de sobrevivência” para situações extremas. Muitos moradores agora lamentam não terem seguido a orientação, enfrentando dificuldades com o uso de cartões e falta de dinheiro em espécie.

Este é o segundo grande apagão europeu em menos de dois meses, após o incidente que fechou o aeroporto de Heathrow, em Londres, em março. A repetição desses eventos acende um alerta sobre a vulnerabilidade das redes energéticas do continente, especialmente diante das tensões geopolíticas e das mudanças climáticas.

Perspectivas e Consequências

A normalização completa do sistema pode levar dias, e os governos prometem uma apuração rigorosa para evitar novos colapsos. A crise desta segunda-feira expõe a fragilidade da interligação elétrica europeia e reacende debates sobre soberania energética e resiliência em situações de emergência.

O blecaute de 28 de abril de 2025 já é considerado um dos maiores desafios recentes enfrentados pela Península Ibérica, testando a capacidade de resposta dos governos e a resiliência da população frente a uma crise sem precedentes.

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Bruno Rigacci

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