Moraes desbanca Gilmar e mostra quem “manda” no STF
O Supremo Tribunal Federal (STF) vive uma nova dinâmica de poder. A recente decisão que manteve a prisão do ex-presidente Fernando Collor de Mello revelou não apenas a gravidade das acusações que pesam contra o político alagoano, mas também escancarou a força política de Alexandre de Moraes dentro da Corte.
Segundo análise do jornalista Gonçalo Mendes Neto, Moraes demonstrou liderança firme ao enfrentar uma tentativa de manobra do decano Gilmar Mendes, que buscava levar o caso ao plenário físico por meio de um pedido de destaque. A estratégia, contudo, foi rapidamente neutralizada: diante do pedido de Gilmar, outros ministros aceleraram seus votos no plenário virtual, consolidando um placar expressivo a favor da manutenção da prisão.
O movimento, interpretado por Gonçalo como uma resposta coordenada, mostrou que Moraes não apenas domina os processos mais sensíveis da Corte, como também conta com apoio de uma base fiel entre seus pares. O ministro Flávio Dino foi o primeiro a acompanhar Moraes — reafirmando, nas palavras do jornalista, sua lealdade política. Em seguida, Barroso, Cármen Lúcia, Fachin e Toffoli seguiram o mesmo caminho, formando uma maioria confortável.
Diante do cenário desfavorável, Gilmar Mendes retirou seu pedido de destaque, reconhecendo a derrota. Para Gonçalo Mendes Neto, o episódio simboliza o que ele chama de “alexandrismo”: uma nova era no STF, marcada por decisões rápidas, liderança assertiva e pouco espaço para dissensos públicos.
Concentrando poder?
Apesar da eficiência no trâmite, a condução do caso levantou preocupações. O jornalista aponta que a concentração de poder nas mãos de um único ministro, por mais competente que seja, pode esvaziar a colegialidade — pilar do sistema de Justiça. Instrumentos como o pedido de destaque, que visam fomentar o debate presencial e aprofundado entre os ministros, vêm perdendo espaço na atual configuração da Corte.
Collor, um símbolo de mudança
A prisão de Fernando Collor, ex-presidente da República e figura histórica da política nacional, representa, segundo Gonçalo, não apenas um marco jurídico, mas um sinal claro da mudança no perfil do STF. Se antes manobras regimentais e articulações políticas podiam reverter decisões, hoje, prevalece uma dinâmica mais verticalizada, liderada por Alexandre de Moraes.
Conclusão
O caso Collor revelou mais do que a queda de um político influente: trouxe à tona o novo comando do Supremo Tribunal Federal. Alexandre de Moraes, respaldado por ministros como Flávio Dino, conduz a Corte com mão firme, enquanto nomes tradicionais, como Gilmar Mendes, enfrentam crescente isolamento. O “alexandrismo”, como define Gonçalo Mendes Neto, parece ter chegado para ficar.