Morte de papa Francisco causa comoção na Argentina
A morte do Papa Francisco, anunciada na manhã desta segunda-feira (21/4), gerou forte comoção na Argentina, seu país natal. Centenas de fiéis se reuniram na Catedral Metropolitana de Buenos Aires, onde Jorge Mario Bergoglio atuou como arcebispo antes de se tornar o primeiro Papa latino-americano da história.
A missa em homenagem ao pontífice foi conduzida pelo atual arcebispo de Buenos Aires, Jorge García Cuerva, que destacou o legado de Francisco com emoção.
“O pai de todos nós morreu. Perdemos o Papa dos pobres, dos marginalizados, daqueles que são excluídos por muitos”, afirmou Cuerva, sob aplausos e lágrimas.
Com o templo lotado, muitos devotos permaneceram do lado de fora, nas ruas, orando e deixando flores em homenagem ao líder católico.
Catedral aberta durante funeral de nove dias
A Catedral Metropolitana permanecerá aberta à visitação durante todo o período do funeral, que terá início nesta quarta-feira (23) e seguirá por nove dias, conforme o rito das exéquias papais simplificado por Francisco em 2024.
O templo é simbólico não apenas por ter sido a “casa” de Bergoglio como cardeal-arcebispo, mas também por representar a conexão entre Francisco e o povo argentino, com quem nunca perdeu os laços — mesmo após sua eleição ao trono de Pedro, em 2013.
Luto oficial na Argentina, mesmo com divergências políticas
Apesar das conhecidas divergências ideológicas com o Papa, o presidente argentino Javier Milei decretou luto oficial de sete dias no país. Em comunicado, o chefe de Estado elogiou o papa como um homem de fé e sabedoria.
“Apesar de diferenças que hoje parecem menores, ter podido conhecê-lo em sua bondade e sabedoria foi uma verdadeira honra para mim. Como presidente, como argentino e, fundamentalmente, como um homem de fé, despeço-me do Santo Padre”, escreveu Milei.
O gesto marca uma mudança no tom do presidente, que durante a campanha eleitoral chegou a chamar Francisco de “imbecil que defende a justiça social”. A reaproximação veio em fevereiro deste ano, quando Milei visitou o Vaticano e se encontrou pessoalmente com o Papa, levando doces e presentes como sinal de respeito e reconciliação.
Francisco e a Argentina: um vínculo inquebrável
Embora tenha vivido por mais de uma década no Vaticano, Francisco manteve a Argentina em seu coração. Ao longo do pontificado, frequentemente mencionava o país com carinho e preocupação, especialmente diante das crises sociais e econômicas enfrentadas pela população.
Sua morte encerra uma era para os argentinos, que viram um dos seus atingir o posto mais alto da Igreja Católica e transformar o papado com ênfase em justiça social, acolhimento dos pobres e reforma interna da Igreja.