Advogado João Neto disse em entrevista que há ‘motivo para homem bater em mulher’

O advogado criminalista e influenciador digital João Neto foi preso em flagrante na última segunda-feira (14), sob suspeita de violência doméstica contra sua companheira, uma jovem de 25 anos, no bairro Jatiúca, em Maceió. A prisão ocorreu após vizinhos ouvirem gritos e acionarem a polícia. Imagens de câmeras de segurança mostram a mulher deixando o apartamento ferida, com sangramento no rosto.

A detenção veio dias depois de João Neto, que acumula mais de 2,1 milhões de seguidores nas redes sociais, protagonizar declarações polêmicas e consideradas misóginas durante entrevista ao podcast RedCast, transmitida no YouTube em 4 de abril. Na ocasião, ele afirmou que “homem só tem um motivo para bater em mulher: se ela lhe bater” e que “quem não quer apanhar, não bate”.

“Se a mulher sabe que não aguenta com você, ela vai dar uma tapa na sua cara pra quê? Se ela dá um tapa, ela está querendo levar outro”, disse o advogado no programa, que até esta quarta-feira (16) acumulava cerca de 30 mil visualizações.

Durante a mesma entrevista, João Neto ainda afirmou que não reagiria pacificamente a agressões:

“Se der na minha cara, vai tomar um bocado também, na cara. Eu não sou Jesus Cristo pra tomar tapa e dar o outro lado.”

Imagens e depoimento

A defesa de João Neto divulgou um vídeo que mostra o advogado segurando sua companheira à força dentro de um apartamento. As imagens mostram a mulher resistindo à abordagem, apoiando-se nas paredes e batentes, até que os dois vão ao chão próximos à porta de um quarto. No impacto, a mulher bate a cabeça e o corpo contra a porta. Em seguida, o advogado aparece levantando-a à força e a arrasta para fora do cômodo.

Em depoimento à polícia, a vítima relatou que foi empurrada por João Neto, caiu, bateu o queixo no chão e sofreu um corte profundo. Ela foi socorrida e levada a um hospital, enquanto o advogado foi detido nas proximidades da unidade de saúde.

Apesar das imagens, a defesa de João Neto nega a agressão deliberada. Em nota, afirma que o sangramento teria ocorrido enquanto o advogado tentava “retirar sua ex do apartamento” após ela supostamente se recusar a sair. Afirmou ainda que testemunhas presenciais serão ouvidas durante o processo.

Reação institucional

A delegada Ana Luiza Nogueira, coordenadora das Delegacias Especializadas no Atendimento à Mulher, determinou a abertura de inquérito policial para investigar o caso. O Ministério Público e a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) ainda não se pronunciaram oficialmente sobre o caso até o momento.

A repercussão das falas anteriores do advogado e a gravidade das imagens levantaram debates nas redes sociais sobre o uso de influência digital para propagar discursos violentos e a responsabilidade de plataformas e produtores de conteúdo nesse contexto.

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Bruno Rigacci

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