Procedimento cirúrgico de Jair Bolsonaro já dura mais de 10h

O ex-presidente da República, Jair Bolsonaro (PL), enfrenta neste domingo (13) aquela que pode ser a cirurgia mais delicada desde o atentado com faca em 2018, segundo avaliação do seu médico pessoal, Cláudio Birolini. O procedimento já dura mais de 10 horas no Hospital DF Star, em Brasília, e tem como objetivo a liberação de aderências intestinais e a reconstrução da parede abdominal — um desdobramento das complicações decorrentes do ferimento sofrido há quase sete anos.

A operação teve início por volta das 10h da manhã e, até o início da noite, ainda não havia sido finalizada. A informação foi atualizada pela ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro por meio de suas redes sociais. Segundo ela, “os marcadores clínicos permanecem normais e o quadro segue estável. A equipe médica informou que ainda há uma previsão de mais 1 a 2 horas de procedimento. Assim que eu tiver novas informações do centro cirúrgico, compartilharei aqui com vocês.”

A prolongada duração da cirurgia abdominal acende o alerta não apenas entre apoiadores, mas também na classe médica e na opinião pública. O procedimento é necessário devido a um quadro de suboclusão intestinal, agravado por múltiplas intervenções cirúrgicas anteriores.

Internação emergencial após mal-estar no Nordeste

Bolsonaro foi internado às pressas ainda na noite de sexta-feira (11), após sentir fortes dores abdominais enquanto cumpria agenda no interior do Rio Grande do Norte. Ele foi transferido de helicóptero para Natal, onde recebeu os primeiros atendimentos e passou por exames que confirmaram o diagnóstico de subobstrução intestinal — uma condição que pode gerar complicações graves, como infecção generalizada, necrose de tecidos intestinais e falência de múltiplos órgãos, caso não tratada com urgência.

Na noite de sábado (12), o ex-presidente foi transferido para Brasília e admitido no Hospital DF Star, referência em cirurgias de alta complexidade. Ainda de madrugada, os exames foram aprofundados e a decisão cirúrgica foi tomada pela equipe liderada pelo médico Cláudio Birolini, especializado em cirurgia do aparelho digestivo e que acompanha Bolsonaro desde 2023.

De todos os episódios desde o atentado de 2018, este é o que mais preocupou. A obstrução intestinal estava muito avançada e havia risco de ruptura”, declarou Birolini em entrevista breve ao chegar no hospital.

Reações políticas e preocupação internacional

A cirurgia prolongada repercutiu imediatamente no meio político. Aliados de Jair Bolsonaro expressaram apoio e solidariedade em mensagens nas redes sociais, entre eles os deputados Eduardo Bolsonaro (PL-SP) e Carla Zambelli (PL-SP), além de senadores e líderes conservadores.

No exterior, apoiadores como o ex-presidente norte-americano Donald Trump e o líder argentino Javier Milei enviaram mensagens de encorajamento à família Bolsonaro. “Praying for my friend Jair. He’s a fighter”, escreveu Trump, em sua plataforma Truth Social.

O tema também foi amplamente comentado nas plataformas digitais, e palavras-chave como “estado de saúde Bolsonaro”, “cirurgia intestinal Bolsonaro”, “hospital DF Star”, “aderência abdominal”, “complicações intestinais”, “suboclusão” e “saúde do ex-presidente” se tornaram tendência nos mecanismos de busca e nas redes sociais.

Histórico médico de Bolsonaro desde 2018

Desde o atentado com faca sofrido por Bolsonaro em setembro de 2018, durante a campanha eleitoral, o ex-presidente já foi submetido a mais de seis cirurgias. A facada atingiu a região abdominal e causou lesões graves no intestino delgado e em outros órgãos, exigindo procedimentos como colostomia, reversão da colostomia, correção de hérnias e remoção de aderências.

Nos anos seguintes, o ex-presidente manteve uma rotina cuidadosa com sua saúde digestiva, mas seguiu relatando desconfortos recorrentes, especialmente após períodos de estresse e agendas intensas. Em 2022, durante o exercício da presidência, ele chegou a ser internado com um quadro de íleo paralítico, outra complicação do sistema intestinal.

A atual cirurgia é considerada de alta complexidade e envolve tanto a liberação das aderências (tecidos cicatriciais que prendem órgãos internos entre si) quanto a reconstrução da parede abdominal — um procedimento delicado, com potencial de complicações como hemorragias, infecções e perfurações acidentais.

O impacto político da internação

A hospitalização de Bolsonaro acontece em meio a um período de intensa mobilização política da direita brasileira, especialmente após as recentes críticas de conservadores internacionais ao Supremo Tribunal Federal e às acusações de censura judicial e perseguição política. A fragilidade de saúde do principal nome da oposição tem reflexos diretos na agenda do PL e nas estratégias eleitorais da sigla, que esperava contar com a presença ativa de Bolsonaro nas eleições municipais de 2024.

Além disso, a eventual ausência prolongada do ex-presidente pode abrir espaço para a ascensão de novas lideranças da direita, como Tarcísio de Freitas e Michelle Bolsonaro, que vem ganhando protagonismo crescente no núcleo duro bolsonarista.

A ex-primeira-dama, inclusive, tem sido figura central na comunicação da família sobre o estado de saúde de Jair. Com postagens frequentes e tom sereno, Michelle tem mantido os apoiadores informados e reunido milhares de interações em cada publicação.

Recuperação e perspectivas

Mesmo que a cirurgia ocorra sem intercorrências graves, a recuperação de Jair Bolsonaro exigirá internação prolongada e repouso absoluto nas primeiras semanas. É provável que ele permaneça afastado das atividades políticas por pelo menos 30 a 45 dias, segundo especialistas ouvidos pela imprensa.

“É um processo demorado. Reconstruir parede abdominal após múltiplas cirurgias é uma tarefa delicada, que exige controle rigoroso de infecções, alimentação parenteral (via soro) e acompanhamento constante”, explica o cirurgião Maurício Andrade, da Sociedade Brasileira de Coloproctologia.

A assessoria de imprensa do hospital ainda não divulgou boletim oficial com detalhes, mas promete atualizações ao longo da noite.

Conclusão: momento crítico na saúde e na política

A prolongada cirurgia de Jair Bolsonaro lança um novo capítulo na intersecção entre saúde e política no Brasil. Enquanto seus seguidores demonstram preocupação e solidariedade, seus adversários acompanham o caso com atenção estratégica. Independentemente da posição ideológica, o que se observa é que a recuperação do ex-presidente terá consequências importantes para o cenário político de 2024 e 2026.

A saúde de Bolsonaro, portanto, transcende o campo clínico. Ela se torna, mais uma vez, um fator de mobilização política, disputa narrativa e engajamento nacional. Até que o boletim médico oficial seja divulgado, o Brasil segue em compasso de espera — entre orações, análises e especulações.

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Bruno Rigacci

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