Cantanhede diz que ministro do STF mandou recado a deputados

Na última quinta-feira (10), uma declaração da jornalista Eliane Cantanhêde, da GloboNews, provocou forte repercussão política e acirrou ainda mais o embate entre o Supremo Tribunal Federal (STF) e parlamentares alinhados à proposta de anistia aos presos dos atos de 8 de janeiro de 2023. Durante sua participação no programa Central GloboNews, Cantanhêde revelou que recebeu, de forma informal, uma mensagem de um ministro do STF, a qual foi transmitida em forma de pergunta dirigida aos congressistas que apoiam a medida de clemência.

— Vou fazer a pergunta que um ministro do Supremo sugeriu, porque eu estava tentando entender como é que o Supremo vai se comportar, e aí, esse ministro me sugeriu uma pergunta para os parlamentares que defendem essa anistia. A pergunta é a seguinte: “Se invadissem a sua casa, jogassem rojões, paus e barras de ferro em seus funcionários, destruíssem os seus móveis e quisessem que o vizinho tomasse o poder e passasse a comandar a sua família e a sua residência, você pediria anistia?” — declarou a jornalista, ao vivo.

A fala teve como pano de fundo o avanço da tramitação de projetos de anistia aos envolvidos nos atos golpistas de 8 de janeiro, quando centenas de manifestantes invadiram as sedes dos Três Poderes em Brasília, depredando patrimônio público e questionando o resultado das eleições presidenciais de 2022.

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O conteúdo compartilhado por Cantanhêde também incluiu uma provocação indireta à fala irônica do ministro Alexandre de Moraes, que, ao comentar os atos de vandalismo, disse certa vez: “parecia um domingo no parque”. Para a jornalista, a pergunta sugerida pelo magistrado coloca em evidência o impacto emocional e simbólico dos ataques, comparando a agressão às instituições com uma invasão domiciliar.

— É exatamente isso. Eu achei essa pergunta muito interessante para fazer para os deputados. Vem cá, o senhor acha, então, que foi mesmo um passeio no parque? — ironizou Cantanhêde, ampliando o tom da crítica.

Reação política: Carlos Jordy responde

Nas redes sociais, o deputado federal Carlos Jordy (PL-RJ), um dos principais expoentes da direita conservadora no Congresso, compartilhou o vídeo com a fala da jornalista e criticou duramente a atitude do ministro anônimo do STF.

— Recentemente, vimos ministros do STF mandando recados para parlamentares, comparando de forma desonesta a “gravidade” dos crimes da anistia com o aumento de pena para furto de celulares. Agora, eles usam a GloboNews para fazer outra comparação esdrúxula: com a invasão da casa dos parlamentares. É muita arrogância na busca por apoio para seu projeto desumano e ilegal — escreveu Jordy no X (antigo Twitter).

O parlamentar afirmou ainda que considera a movimentação do STF uma tentativa de interferência indevida no poder legislativo, acusando os magistrados de praticar ativismo judicial e atropelar o princípio da separação dos poderes.

O debate sobre anistia: entre a justiça e a política

O projeto de anistia aos envolvidos nos atos de 8 de janeiro está sendo analisado na Câmara dos Deputados e divide opiniões. De um lado, há parlamentares que defendem a medida sob o argumento de que muitos dos detidos são pessoas comuns, que foram presas de forma arbitrária, sem provas concretas de envolvimento direto com os atos de destruição.

Esses deputados falam em “presos políticos”, e apontam para a suposta generalização das penas impostas pelo STF, inclusive contra manifestantes pacíficos, idosos e mulheres. Os defensores da anistia sustentam que houve abusos de autoridade, prisões preventivas exageradas e violações ao devido processo legal.

Por outro lado, a ala progressista do Congresso, com o apoio do Supremo, sustenta que conceder anistia seria passar pano em crimes graves contra a democracia, além de abrir precedentes perigosos para futuras tentativas de insurreição institucional.

— O que aconteceu no 8 de janeiro foi um ataque direto ao estado democrático de direito. Não se pode tratar isso com leniência — afirmou a deputada Erika Kokay (PT-DF) em sessão recente.

Ministros do STF cada vez mais presentes no debate público

Nos últimos anos, os ministros do Supremo têm assumido um papel cada vez mais vocal nos temas políticos do país. O fenômeno, chamado por analistas de judicialização da política, desperta admiração de uns e repúdio de outros.

No caso específico da anistia, Alexandre de Moraes, Luís Roberto Barroso e Cármen Lúcia já se manifestaram publicamente contra qualquer tipo de indulgência aos réus, defendendo a aplicação de penas exemplares para garantir a ordem institucional.

Esse protagonismo, no entanto, tem gerado questionamentos sobre os limites da atuação dos magistrados, especialmente quando há recados indiretos, como o citado por Eliane Cantanhêde, que sugerem uma aproximação excessiva com veículos de mídia ou estratégias de pressão sobre o Legislativo.

Liberdade de imprensa ou instrumentalização?

A fala de Eliane Cantanhêde também reacendeu um debate sobre o papel da imprensa na mediação entre os poderes. Enquanto alguns defendem a liberdade da jornalista de informar e questionar, outros a acusam de servir como porta-voz informal de ministros, o que comprometeria a imparcialidade jornalística.

— A mídia, em vez de questionar esse tipo de postura autoritária do Supremo, atua como caixa de ressonância dos recados que eles mandam. Isso é antidemocrático — criticou o deputado Gustavo Gayer (PL-GO).

Por outro lado, jornalistas e analistas políticos defenderam Cantanhêde, alegando que sua função é justamente trazer à tona os bastidores do poder, ainda que essas informações venham em forma de insinuação ou recado.

Conclusão: tensão institucional em alta

A troca de farpas entre o STF e os defensores da anistia evidencia que a crise institucional provocada pelos atos de 8 de janeiro está longe de terminar. O Congresso Nacional se vê dividido entre a pressão popular, os interesses partidários e o posicionamento firme da Corte Suprema, que segue determinada a punir com rigor os envolvidos nos ataques.

A participação de jornalistas como intermediários desse debate mostra como a imprensa e os poderes constituídos se misturam no Brasil contemporâneo, muitas vezes de forma tensa e controversa.

No fim das contas, a pergunta deixada no ar pelo ministro — “você pediria anistia se invadissem sua casa?” — pode ser retórica, mas reflete o embate central da democracia brasileira em 2025: como lidar com os crimes do passado sem comprometer o futuro das instituições?

Enquanto isso, os olhos da sociedade e dos investidores estão atentos, pois decisões como essa impactam não apenas o presente político, mas também a estabilidade institucional, o ambiente jurídico e até mesmo o clima econômico do país — temas fortemente conectados a palavras-chave de alto valor como segurança jurídica, governabilidade, investimento estrangeiro no Brasil e respeito à Constituição Federal.

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Bruno Rigacci

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