Fraudes no Pix passaram de 390 mil por mês em 2024, informa BC
O sistema de pagamentos instantâneos Pix, criado pelo Banco Central do Brasil e lançado em novembro de 2020, revolucionou a forma como os brasileiros realizam transferências de dinheiro. Prático, rápido e gratuito para pessoas físicas, o Pix logo se tornou um dos meios de pagamento mais utilizados do país. No entanto, o crescimento exponencial das operações também trouxe um efeito colateral perigoso: o avanço das fraudes digitais.
Segundo dados obtidos pelo sistema Broadcast (do Estadão), por meio da Lei de Acesso à Informação (LAI), as notificações de fraudes no Pix ultrapassaram, em média, 390 mil casos por mês em 2024. Só em janeiro de 2025, foram 324.752 fraudes reconhecidas, mesmo com o número de transações no mês tendo batido a impressionante marca de 5,682 bilhões.
Crescimento alarmante: de 30 mil para quase 400 mil fraudes em 4 anos
A evolução das fraudes no Pix chama atenção:
2021: média de 30.892 fraudes/mês
2022: aumento para 136.882 fraudes/mês
2023: salto para 216.046 fraudes/mês
2024: média de mais de 390 mil fraudes/mês
Mesmo representando apenas 0,007% do total de transações, o volume absoluto de fraudes cresceu drasticamente, despertando alerta máximo entre bancos, consumidores e o próprio Banco Central (BC).
O que é considerado fraude pelo Pix?
De acordo com o manual do Diretório de Identificadores de Contas Transacionais (DICT), que armazena as chaves Pix, fraude é qualquer transação:
Realizada por estelionato ou golpe (ex: links falsos, engenharia social);
Iniciada sem a autorização do pagador;
Feita por terceiros sem reconhecimento do dono da conta;
Efetuada sob coerção ou extorsão (caso de sequestros-relâmpago, por exemplo).
A notificação só é considerada válida quando reconhecida como procedente após apuração pelas instituições financeiras.
Medidas de segurança do Banco Central
Para conter o avanço das fraudes, o BC tem adotado uma série de mudanças no sistema do Pix, entre elas:
✅ Mecanismo Especial de Devolução (MED) – A partir de outubro de 2025, entrará no ar um autoatendimento via app para pedidos de devolução em caso de golpe. Até agora, o processo precisava ser feito manualmente com o banco.
✅ Limite noturno de transferências – Desde 2021, o usuário pode definir um limite menor entre 20h e 6h, com o objetivo de dificultar golpes noturnos.
✅ Cadastro prévio de contas confiáveis – Para enviar valores maiores, o usuário pode cadastrar previamente os destinatários. A aprovação do cadastro demora 24 horas, o que evita impulsividade em fraudes.
✅ Limite para dispositivos não cadastrados – Desde o fim de 2024, transferências via Pix feitas por aparelhos não autorizados pelo cliente têm um limite de R$ 200 por transação e R$ 1.000 por dia.
Fraudes via contas-laranja: novo foco do BC
Em 2022, o Banco Central intensificou as fiscalizações sobre abertura de contas digitais, que muitas vezes são usadas como contas-laranja para o escoamento de recursos de golpes. Em resposta, foi criado um sistema de compartilhamento de dados sobre fraudes entre instituições financeiras.
Ainda assim, bancos afirmam que os mecanismos de punição são frágeis e pedem mudanças mais firmes.
O que os bancos estão propondo?
A pressão do setor financeiro para conter as fraudes resultou em novas propostas em debate:
🔴 Banimento temporário do Pix – Os bancos querem que usuários flagrados emprestando contas para golpes fiquem cinco anos banidos do sistema Pix, com exceção de transferências para salários e benefícios do governo.
🔴 Responsabilização de executivos – Dirigentes de bancos com alto índice de fraudes podem ser individualmente punidos, como forma de incentivar o reforço de controles internos de segurança.
O que você pode fazer para se proteger
Apesar das medidas institucionais, o usuário ainda é a primeira linha de defesa contra fraudes no Pix. Veja algumas recomendações práticas:
🔐 Nunca clique em links enviados por desconhecidos, especialmente promessas de prêmios, sorteios ou supostos resgates de dinheiro.
📞 Desconfie de ligações urgentes pedindo transferências para “contas seguras” – bancos nunca solicitam esse tipo de ação.
📲 Ative a biometria e autenticação em dois fatores nos aplicativos bancários e cadastre seu aparelho no banco.
🛡️ Use limites noturnos e cadastre contas confiáveis nas configurações do Pix.
📣 Denuncie movimentações suspeitas ao seu banco imediatamente e, se necessário, registre um boletim de ocorrência.
Conclusão
O Pix revolucionou o sistema bancário brasileiro com sua agilidade e acessibilidade, mas também se tornou alvo constante de criminosos digitais. O crescimento de fraudes exige respostas rápidas, firmes e colaborativas entre Banco Central, bancos e sociedade.
Com novas funcionalidades e regulamentações previstas para 2025, espera-se que a segurança aumente. Ainda assim, a vigilância do usuário é essencial para evitar cair em golpes e garantir que o Pix continue sendo uma inovação confiável e segura.