“Foi tão arquitetado que a Globo chegou antes da PF”, diz Manga

O prefeito de Sorocaba (SP), Rodrigo Manga (Republicanos), foi alvo de uma operação da Polícia Federal (PF) nesta quinta-feira (10), e afirmou nesta sexta, em entrevista exclusiva ao Pleno.News, que acredita estar sendo perseguido por razões políticas. Segundo ele, a motivação por trás da ação seria o anúncio de sua possível candidatura à Presidência da República, caso o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) não dispute as eleições.

A operação da PF teve como alvo a residência de Manga, mas, de acordo com o prefeito, a ação foi tão orquestrada que uma equipe da TV Globo chegou ao local antes mesmo dos agentes federais.

“Foi tão arquitetado que, pra você ter uma ideia, quando eles chegaram na minha casa, a Globo já estava na porta”, disse.

Prefeito atribui operação à exposição política

Manga acredita que sua visibilidade crescente no cenário político nacional incomodou setores do governo e da mídia, especialmente após ele tornar pública a possibilidade de disputar a Presidência ou o governo de São Paulo. Ele considera a operação uma retaliação clara à sua posição de oposição ao governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

“Não tenho medo do Lula. E não vou me calar por causa disso”, reforçou o prefeito durante a entrevista.

Clima de tensão e impacto familiar

O prefeito relatou ainda o impacto emocional da operação, especialmente sobre seu filho de 7 anos, que foi quem atendeu a porta quando a PF chegou à sua casa.

“O que mais me chateia é um menino de 7 anos viver isso por causa da opção do pai, de colocar seu nome para uma disputa ao governo do estado ou até uma disputa presidencial.”

Manga narrou um episódio de constrangimento vivido pelos próprios agentes da PF durante a operação. Segundo ele, os policiais federais demonstravam desconforto por estarem ali sem convicção de que encontrariam algo incriminador.

“Um policial chegou a falar: ‘Prefeito, eu queria que abrisse ali para eu ver, a gente sabe que não tem nada, mas temos que cumprir nosso papel’.”

Ele interpretou essa atitude como sinal claro de que a operação tinha fundo político, e não jurídico.

Oposição política e apoio bolsonarista

Rodrigo Manga vem se destacando como uma liderança conservadora no interior de São Paulo e já demonstrou alinhamento com o ex-presidente Jair Bolsonaro. Recentemente, afirmou que poderia disputar a Presidência da República caso Bolsonaro fique inelegível, o que tem sido debatido no meio político devido aos processos enfrentados pelo ex-mandatário.

“Se Bolsonaro não puder ser candidato, sim, estou pronto para representar o nosso campo político. E isso pode ter incomodado muita gente”, disse Manga.

A repercussão da operação e da fala do prefeito gerou mobilização entre apoiadores do campo conservador, que veem na ação da PF um possível exemplo de perseguição política a adversários do atual governo federal.

O que diz a Polícia Federal

Até o momento, a PF não divulgou oficialmente os detalhes da operação realizada na casa do prefeito. Fontes próximas à investigação indicam que a ação se insere dentro de um procedimento de apuração de possíveis irregularidades administrativas, mas ainda sem confirmação de envolvimento direto do gestor municipal.

A ausência de transparência nos motivos da busca e apreensão fortalece a narrativa política apresentada por Manga. O caso levanta novamente o debate sobre a autonomia das instituições investigativas e sua eventual instrumentalização por motivos ideológicos.

Contexto político e impacto nacional

A fala de Rodrigo Manga ocorre em um momento em que o governo Lula enfrenta críticas crescentes por parte da oposição, especialmente no Congresso Nacional. A movimentação em torno da anistia dos presos do 8 de janeiro e os desdobramentos da economia, como a queda da Petrobras na bolsa e as incertezas sobre os preços dos combustíveis, têm gerado um clima político de tensão e divisão.

O episódio envolvendo Manga se soma a uma série de acusações por parte da oposição de que o governo estaria tentando intimidar lideranças conservadoras com ações judiciais e policiais, como ocorreu também com aliados próximos de Bolsonaro.

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Bruno Rigacci

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