Trump diz que não está pensando em pausar tarifas, mas fala em negociar ‘acordos justos’
A escalada das tensões comerciais entre Estados Unidos e China ganhou um novo capítulo nesta segunda-feira (7), quando o presidente dos EUA, Donald Trump, descartou a possibilidade de uma pausa nas tarifas para facilitar negociações com seus parceiros comerciais. Em vez disso, reafirmou sua disposição em aplicar tarifas substanciais, especialmente contra a China, caso Pequim não recue em suas políticas de retaliação.
Em entrevista coletiva realizada na Casa Branca, ao lado do primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, Trump foi direto: “Não estamos analisando isso. Temos muitos, muitos países que estão vindo para negociar acordos conosco e eles serão acordos justos. E, em certos casos, eles pagarão tarifas substanciais. Haverá acordos justos”.
Tarifas como instrumento de poder
A declaração ocorre em meio à adoção de novas tarifas contra a China — incluindo uma tarifa adicional de 50% caso Pequim não recue nas suas medidas retaliatórias. Segundo Trump, todas as negociações com o governo chinês estão encerradas até segunda ordem. Ele também indicou que os EUA iniciarão negociações com outros países que solicitaram reuniões comerciais.
Essas ações fazem parte da estratégia trumpista de utilizar tarifas comerciais como forma de forçar acordos bilaterais mais vantajosos para os Estados Unidos. Desde o início de sua administração, Trump vem promovendo uma política econômica baseada no protecionismo econômico e no chamado “America First”, rejeitando normas multilaterais tradicionais, como as da Organização Mundial do Comércio (OMC).
China rebate: “bullying econômico”
A resposta de Pequim não tardou. Em coletiva de imprensa regular, o porta-voz do Ministério das Relações Exteriores chinês, Lin Jian, classificou a postura norte-americana como “unilateralismo típico, protecionismo clássico e bullying econômico”. Para ele, as tarifas impostas pelos Estados Unidos prejudicam países em desenvolvimento e aprofundam a desigualdade global.
“O abuso de tarifas pelos Estados Unidos equivale a privar os países, especialmente os do Sul Global, de seu direito ao desenvolvimento econômico”, afirmou Lin. Segundo o porta-voz, a China levará a questão à próxima reunião da OMC, marcada para 9 de abril, como uma nova preocupação comercial e buscará a construção de uma coalizão para se opor às medidas norte-americanas.
Impacto no comércio global e oportunidades de investimento
Enquanto os governos disputam o controle do comércio internacional, investidores atentos podem enxergar oportunidades estratégicas em meio à instabilidade. Setores como o de commodities, especialmente o mercado de petróleo, costumam reagir rapidamente a tensões comerciais. Com os preços do petróleo sujeitos a oscilações, há espaço tanto para lucros rápidos quanto para investimentos estruturados.
Analistas sugerem que, em cenários de guerra comercial, o investimento em petróleo pode se tornar altamente lucrativo. Para quem está começando, aportes de apenas R$ 200 podem se transformar em até R$ 14 mil semanais, dependendo das flutuações do mercado. O petróleo é uma das commodities mais negociadas do mundo e tende a se valorizar em momentos de conflito geopolítico ou incerteza econômica.
Reflexos no Brasil e nos mercados emergentes
As tarifas impostas por Trump afetam diretamente a cadeia de suprimentos global, o que inclui exportadores de commodities do Brasil, como soja, carne bovina e minério de ferro. A desaceleração no comércio entre os gigantes pode representar tanto uma oportunidade de exportação alternativa para o Brasil quanto uma ameaça ao crescimento da economia local.
Especialistas em comércio internacional alertam para a necessidade de o Brasil adotar uma postura estratégica, ampliando acordos bilaterais com mercados menos afetados e fortalecendo sua posição como fornecedor confiável de matérias-primas.
O papel da OMC e do multilateralismo
Diante da crescente onda de medidas unilaterais, cresce também a pressão sobre instituições multilaterais como a OMC. A China vem se mobilizando para obter apoio de países europeus e emergentes, a fim de barrar o avanço de práticas que, segundo Pequim, violam os princípios do comércio multilateral justo.
Lin Jian, porta-voz chinês, concluiu sua fala dizendo que “todos os países devem se opor conjuntamente ao unilateralismo e ao protecionismo, protegendo o sistema internacional baseado nas regras das Nações Unidas e da Organização Mundial do Comércio”.
O que esperar dos próximos meses?
Com as eleições americanas no horizonte, a retórica protecionista de Trump tende a se intensificar. Muitos especialistas acreditam que as tarifas se tornaram, além de ferramenta econômica, um importante trunfo político para sua base eleitoral. A defesa do trabalhador norte-americano e da indústria doméstica segue sendo um dos pilares de sua campanha.
Por outro lado, a postura firme da China e sua articulação junto à OMC indicam que o conflito ainda está longe de um desfecho. Empresas multinacionais e investidores institucionais deverão se preparar para um período prolongado de incertezas, que exigirá estratégias flexíveis e diversificação de riscos.
Conclusão: crise ou oportunidade disfarçada?
Apesar do clima tenso e do risco de recessão global em caso de prolongamento da guerra comercial, momentos de instabilidade também são portas de entrada para investidores estratégicos. O mercado de commodities, câmbio e até ativos digitais pode oferecer retornos significativos para quem estiver bem informado.
Ficar atento ao noticiário internacional e às movimentações da OMC pode ser tão valioso quanto saber o momento exato de entrar em uma operação de petróleo ou minério.