Estratégia genial de Bolsonaro faz a esquerda virar divulgadora de sua mensagem; VIDEO
O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) voltou com força ao centro do debate político nacional e internacional após sua participação no ato deste domingo (6), na Avenida Paulista, em São Paulo. O evento reuniu milhares de apoiadores que exigiam anistia aos presos do 8 de Janeiro, mas o que mais repercutiu foi a frase que o ex-presidente proferiu em inglês:
“Popcorn and ice cream sellers sentenced for coup attempt in Brazil.”
(“Vendedores de pipoca e sorvete condenados por tentativa de golpe no Brasil.”)
A fala viralizou rapidamente nas redes sociais e foi amplamente repercutida por veículos de mídia estrangeiros, ganhando destaque até em canais conservadores dos Estados Unidos, como Fox News e Breitbart. Mesmo com pronúncia rudimentar, o uso do inglês garantiu algo que muitos políticos brasileiros almejam: repercussão internacional.
A mensagem por trás do inglês simples
Embora a simplicidade da frase tenha rendido memes, a comunicação foi eficiente. A crítica de Bolsonaro mira diretamente no Supremo Tribunal Federal (STF), ao denunciar o que ele classifica como prisões políticas de cidadãos comuns, como ambulantes e trabalhadores informais, por conta de sua participação nos atos do dia 8 de janeiro de 2023.
“Estamos falando de trabalhadores humildes que, segundo o próprio STF, representam uma ameaça à democracia. Isso é inaceitável!”, disse Bolsonaro. A frase em inglês tornou-se não apenas um bordão político, mas um símbolo do embate entre a narrativa bolsonarista e o Judiciário.
Liberdade de expressão e censura política: termos que movimentam o debate jurídico
O discurso de Bolsonaro reacendeu debates importantes sobre liberdade de expressão, censura judicial, presunção de inocência e devido processo legal — termos que têm alto volume de buscas e alto custo por clique (CPC) em plataformas de marketing digital e anúncios jurídicos.
Durante o ato, o ex-presidente afirmou que o Judiciário está se tornando um “tribunal da verdade”, cerceando opiniões contrárias ao governo sob o pretexto de preservar a democracia. “Liberdade de expressão não é crime. Manifestar sua opinião, mesmo que contrária ao governo, faz parte da democracia que tanto dizem defender”, disparou Bolsonaro, ecoando uma pauta cara a boa parte da população conservadora e aos defensores do direito constitucional de manifestação.
Anistia como instrumento político e constitucional
O pedido de anistia aos presos do 8 de Janeiro foi o principal mote da manifestação na Paulista. Bolsonaro, que até então evitava se posicionar frontalmente sobre o tema, agora apoia abertamente a causa. “O que vimos foram excessos. A anistia é um instrumento constitucional que visa corrigir injustiças cometidas pelo Estado”, afirmou.
Contudo, especialistas alertam que a anistia precisa passar pelo Congresso Nacional e ter base jurídica sólida — o que, atualmente, parece improvável, dado o clima político e a resistência do Supremo Tribunal Federal.
Mesmo assim, o ato serviu para reposicionar Bolsonaro como líder de uma pauta nacional, pressionando parlamentares, reforçando sua base e, mais uma vez, polarizando o debate político.
Repercussão internacional e estratégia de comunicação
A frase em inglês gerou reações diversas. Críticos ironizaram a construção gramatical e a pronúncia do ex-presidente. Nas redes sociais, memes e piadas inundaram o X (ex-Twitter), comparando Bolsonaro a personagens de filmes americanos e o rotulando como “poliglota da extrema-direita”.
Por outro lado, analistas de comunicação política destacaram a eficiência da mensagem: uma frase curta, de fácil entendimento e com forte carga emocional. De acordo com o cientista político Lucas Almeida, a frase foi desenhada para viralizar:
“Ela é curta, fácil de entender e carrega uma acusação forte. Mesmo com a pronúncia incorreta, cumpre seu papel de provocar indignação.”
A viralização também funcionou como uma ferramenta de SEO político espontâneo: termos como “STF”, “liberdade de expressão”, “censura judicial” e “prisões políticas” dominaram os trending topics — e são, por si só, expressões com alto interesse comercial e político.
O papel do STF e a reação institucional
O Supremo Tribunal Federal não se manifestou oficialmente sobre as declarações de Bolsonaro, mas fontes próximas aos ministros classificaram o discurso como ataque à integridade das instituições democráticas. Internamente, o STF tem reforçado que as decisões judiciais relacionadas ao 8 de Janeiro seguem critérios legais, com base em provas de envolvimento direto em atos de vandalismo e tentativa de golpe.
A acusação de “perseguição judicial” feita por Bolsonaro, no entanto, encontrou eco em parte da população que vê o STF como um ator cada vez mais protagonista — e controverso — na cena política nacional.
Polarização como combustível político
Mais do que uma simples provocação, a frase “popcorn and ice cream sellers” se encaixa na estratégia bolsonarista de comunicação: usar casos simbólicos para mobilizar emocionalmente a base e expor o Judiciário como um inimigo da liberdade. É a velha tática da comunicação direta com o povo, que prescinde da complexidade e aposta na identificação emocional.
Para os apoiadores, a frase foi um grito contra a supremacia judicial. Para os críticos, mais um exemplo do populismo rudimentar de Bolsonaro. Mas, independentemente da opinião, todos concordam em um ponto: a estratégia funcionou.
Conclusão: memes, mídia e manutenção de relevância
O episódio é um exemplo claro de como a política moderna se mistura à cultura digital. Uma frase mal pronunciada, mas carregada de intenção, consegue viralizar, atravessar fronteiras, gerar manchetes internacionais e reaquecer debates jurídicos e constitucionais.
Ao transformar “vendedores de pipoca e sorvete” em protagonistas de uma alegoria sobre o Judiciário, Bolsonaro fez mais do que discursar: lançou uma mensagem global, simples, potente e polarizadora.
Ele reafirmou sua presença política, pautou o debate nacional, e — como sempre — manteve os holofotes voltados para si.