Estadão detona programa Pé-de-Meia e acusa governo Lula de inflar projeto com fins eleitorais

Em um editorial publicado nesta segunda-feira (7), o jornal O Estado de S. Paulo fez duras críticas ao programa Pé-de-Meia, que visa oferecer assistência financeira a estudantes de famílias de baixa renda. Segundo o Estadão, a ampliação do público-alvo do programa foi feita com o objetivo de beneficiar eleitoralmente o governo, ignorando limites orçamentários e critérios técnicos, o que resultou em um aumento substancial dos custos do programa.

A Ampliação e Seus Impactos Financeiros

O programa Pé-de-Meia foi inicialmente idealizado pela deputada Tabata Amaral (PSB-SP) com a intenção de beneficiar estudantes regulares da rede pública de ensino que fazem parte do Bolsa Família. A ideia original tinha um custo estimado de R$ 7,1 bilhões por ano. No entanto, uma portaria do Ministério da Educação, que ampliou o público-alvo para incluir alunos da Educação de Jovens e Adultos (EJA) e estudantes de famílias com renda per capita inferior a meio salário mínimo, fez os custos dispararem, passando de R$ 7,1 bilhões para mais de R$ 12,5 bilhões. Ou seja, houve um aumento de mais de R$ 5 bilhões no valor estimado para a execução do programa, sem que o jornal encontrasse justificativas técnicas claras para a expansão.

O editorial aponta que essa ampliação não foi acompanhada de uma análise técnica aprofundada e coloca em dúvida a viabilidade do programa, especialmente diante das atuais dificuldades fiscais do país. O jornal também questiona os critérios utilizados pelo governo para justificar o aumento do número de beneficiários, apontando que a expansão não foi acompanhada de uma avaliação sobre a efetividade da política pública na redução da evasão escolar.

Crítica à Vitrine Eleitoreira

A principal crítica do Estadão gira em torno do uso político do Pé-de-Meia. O jornal acusa o governo Lula de transformar uma boa iniciativa em uma ferramenta eleitoral. Para o Estadão, o aumento do custo e a ampliação do público-alvo não têm um propósito claro de efetivar a política pública de forma sustentável, mas sim de gerar dividendos eleitorais para o governo, especialmente em um momento de queda de popularidade de Lula e a proximidade das eleições de 2026.

O editorial afirma que, por já estar em campanha pela reeleição, Lula usou o programa como uma forma de angariar apoio político em um momento de desgaste. Ao invés de medir o impacto real do programa, o governo teria se interessado mais em criar a imagem de que está promovendo inclusão social, sem se preocupar com a responsabilidade fiscal. “Por já estar em campanha pela reeleição e com a popularidade em queda, Lula faz do Pé-de-Meia um trunfo eleitoreiro”, afirmou o editorial.

O “Velho Padrão Petista” e a Irresponsabilidade Fiscal

O Estadão afirma que o governo está repetindo o que chama de “velho padrão petista”, que seria gastar pesadamente em políticas públicas populares sem uma análise criteriosa de suas consequências a longo prazo, especialmente em termos de sustentabilidade fiscal. Para o jornal, essa tática visa “criar a imagem de inclusão social”, mas acaba resultando em uma expansão sem planejamento adequado, o que gera um custo elevado para o país.

Ao desvirtuar a proposta original, o governo teria transformado um incentivo à educação em uma moeda de troca eleitoral. A crítica central é que, com isso, o governo estaria mais interessado em fazer barulho e gerar publicidade para suas ações do que em apresentar resultados concretos e sólidos que realmente atendam às necessidades da população.

O Equilíbrio entre Políticas Sociais e Responsabilidade Fiscal

A crítica do Estadão também destaca um ponto sensível da gestão de Lula: o equilíbrio entre políticas sociais e responsabilidade fiscal. Para o jornal, o governo não estaria equilibrando corretamente esses dois aspectos e parece estar tomando decisões de curto prazo com a intenção de obter ganhos eleitorais, sem levar em consideração o impacto no orçamento público a longo prazo. A falta de avaliação técnica e o aumento descontrolado dos custos do programa demonstrariam que o governo está mais preocupado em fazer política do que em apresentar soluções eficazes para problemas como a evasão escolar.

No final, o que começou como uma ideia positiva e importante para a educação, segundo os críticos, virou mais uma peça da “velha fórmula petista” de governar: gastar agora, pensar depois, e deixar a conta para o próximo governo, uma estratégia que, segundo o Estadão, sempre acaba gerando grandes custos para o país.

Conclusão

O editorial do O Estado de S. Paulo levanta questões importantes sobre a implementação de programas sociais no Brasil, em especial o Pé-de-Meia, e denuncia o uso político dessas iniciativas para fins eleitorais. A ampliação do programa, sem justificativas técnicas claras e com custos muito acima do inicialmente previsto, é vista como uma tentativa do governo de Lula de usar a educação como uma arma eleitoral, ignorando o equilíbrio fiscal e a sustentabilidade das políticas públicas.

Esse tipo de crítica reflete uma preocupação com a gestão do orçamento público e a eficácia real das políticas sociais, além de mostrar como a polarização política pode influenciar as decisões governamentais, muitas vezes à custa do bem-estar a longo prazo da população.

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Bruno Rigacci

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