Hospitais rejeitam plano dos Correios após Calote Milionário
Uma crise financeira histórica atinge os Correios e, por consequência, seus cerca de 200 mil funcionários e dependentes, que agora enfrentam a suspensão de atendimentos em hospitais privados devido a um calote milionário. A origem da crise está na interrupção dos repasses financeiros para a Postal Saúde, operadora de autogestão que administra o plano de saúde dos Correios.
Desde novembro de 2024, os repasses mensais — que giravam em torno de R$ 170 milhões — foram interrompidos pela estatal. O impacto? Um rombo que já soma cerca de R$ 400 milhões e pode chegar a R$ 600 milhões até abril de 2025, segundo apuração interna.
Hospitais de referência suspendem atendimento: Unimed, Dasa, Rede D’Or e mais
A situação atingiu um ponto crítico quando grandes nomes da saúde privada no Brasil, como Rede D’Or, Unimed, Grupo Kora, Dasa e Beneficência Portuguesa, suspenderam unilateralmente o atendimento aos usuários da Postal Saúde.
Essas redes hospitalares alegam inadimplência crônica e afirmam que não podem mais operar sem garantias de pagamento. A suspensão afeta diretamente o acesso a consultas, exames, cirurgias e tratamentos de doenças crônicas, elevando a tensão entre trabalhadores dos Correios.
Como os Correios chegaram a esse ponto?
Com prejuízos superiores a R$ 2 bilhões em 2024, os Correios enfrentam uma das maiores crises financeiras de sua história. A queda na receita de encomendas internacionais — causada por mudanças na tributação do comércio eletrônico — somou-se ao aumento nos custos operacionais, provocando um desequilíbrio financeiro alarmante.
A Postal Saúde, por sua vez, depende totalmente dos repasses da estatal. Criada em 2013, a operadora conta com mais de 13 mil prestadores de serviços e atende funcionários ativos, aposentados e dependentes. O colapso desse sistema reflete diretamente a falta de planejamento financeiro e gestão estratégica na administração pública.
Sindicato ameaça paralisação e ANS pode intervir
Sindicatos de trabalhadores dos Correios, especialmente na Bahia, já ameaçam greve nacional, caso os serviços não sejam retomados. Um vídeo de uma liderança sindical circula internamente alertando para a possibilidade de paralisação em massa, o que pressionaria ainda mais o governo federal.
Enquanto isso, a Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) monitora o caso de perto. A suspensão de atendimentos sem notificação prévia à ANS pode justificar intervenção direta na Postal Saúde, com riscos à estabilidade de todo o sistema de saúde da empresa pública.
O que pode acontecer agora?
A continuidade da assistência médica a milhares de famílias brasileiras está em jogo. Especialistas ouvidos por sindicatos e conselhos de saúde defendem que o governo intervenha imediatamente para evitar o colapso total do sistema de saúde da estatal. A reestruturação urgente dos Correios, a renegociação com hospitais e um plano emergencial de financiamento são medidas consideradas inevitáveis.
Sem soluções rápidas, os riscos jurídicos e sociais aumentam. Trabalhadores adoecidos sem tratamento, hospitais lotados de emergências negadas e possível responsabilização civil por negligência contratual. A imagem dos Correios, já abalada, pode sofrer danos institucionais irreversíveis.
Considerações finais
O impasse atual escancara os desafios da gestão pública de planos de saúde corporativos, especialmente em empresas estatais com alta dependência de recursos do Tesouro Nacional. Para os usuários da Postal Saúde, cada dia sem atendimento é um risco. Para os Correios, a crise é um alerta vermelho: ou reformam suas bases financeiras e operacionais, ou caminham para um abismo institucional.
A resolução dessa crise será o maior teste de 2025 para a administração da estatal — e um alerta geral para o Brasil sobre a importância de transparência, previsibilidade e responsabilidade fiscal na gestão pública de saúde.