Com conexões com mensaleiros, agência tem acordo com governo

A agência Filadélfia Comunicação, com sede em Belo Horizonte (MG), tem gerado controvérsias após firmar contratos de publicidade com diversos órgãos do governo federal na gestão de Luiz Inácio Lula da Silva (PT). A empresa, que está sob a gestão de Érica Fantini Santos, enteada do advogado José Roberto Moreira de Melo, ex-sócio do publicitário Marcos Valério, um dos principais envolvidos no esquema do mensalão, tem se envolvido em questões que atraem atenção devido à sua ligação com figuras do passado político controverso.

Moreira de Melo, condenado por corrupção ativa e lavagem de dinheiro no âmbito do mensalão, recorre da decisão da Justiça Federal do Rio de Janeiro. No entanto, ele não está oficialmente ligado às operações da Filadélfia Comunicação, apesar de declarações que indicam o contrário. Em um áudio recente, o advogado teria se vangloriado dos avanços da agência e do aumento dos contratos, sugerindo um envolvimento mais direto do que o que é publicamente reconhecido.

A Filadélfia, por sua vez, defende que a agência está sob gestão exclusiva de Érica Fantini desde 2016 e não tem vínculo com agências envolvidas no mensalão, como a SMP&B, ou com figuras como Marcos Valério e Cristiano Paz, ambos condenados no escândalo.

Contratos com o Governo Lula

Entre os contratos que a Filadélfia celebrou com a administração petista, destaca-se um contrato de R$ 13,97 milhões, assinado em novembro de 2024, para prestação de serviços de comunicação digital ao Ministério das Comunicações. Esse contrato abrange um período de um ano e inclui campanhas para outros órgãos do governo Lula, como o Ministério de Portos e Aeroportos, que reservou R$ 593 mil para serviços de comunicação no final de 2024.

Uma parte significativa deste contrato foi destinada à produção de um vídeo institucional sobre os 20 anos do Portal da Transparência, a pedido da Controladoria-Geral da União (CGU), que custou R$ 116,1 mil. A CGU afirmou que recorreu à agência por não ter um contrato específico para a produção desse tipo de serviço.

Além disso, a Filadélfia venceu uma licitação do Banco da Amazônia para gerir sua comunicação digital, com um contrato anual estimado em R$ 20 milhões. Também está entre as empresas que podem vencer a licitação para a execução das campanhas publicitárias dos Correios, em um contrato anual de R$ 380 milhões. O processo de licitação para os Correios segue os critérios estabelecidos no edital, e as vencedoras serão definidas após as etapas de propostas de preços e análise de documentos.

Defesa e Transparência nos Processos Licitatórios

Em relação às contratações do governo, o Ministério das Comunicações esclareceu que a Filadélfia foi contratada por meio de um processo licitatório conduzido com “total transparência e livre concorrência”. O Banco da Amazônia também afirmou que a contratação da agência seguiu um processo regular de licitação.

Por sua vez, a CGU alegou que buscou alternativas entre ministérios para viabilizar a produção do vídeo institucional, devido à falta de um contrato específico para esse tipo de serviço.

Controvérsias e Questionamentos

A presença de uma agência com conexões com figuras centrais do escândalo do mensalão no governo atual levanta questões sobre os processos de contratação e a transparência nos contratos públicos. Embora a Filadélfia defenda a regularidade e a legalidade de seus contratos, as relações passadas de seus sócios e os vínculos com pessoas envolvidas em investigações de corrupção continuam sendo um ponto de atenção e de críticas.

A situação também reacende discussões sobre a vigilância das práticas políticas e empresariais, especialmente em um contexto de renovação e busca por maior transparência nas gestões públicas.

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Bruno Rigacci

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