Janja cancela viagem a Nova York para evitar críticas e ‘desgaste político’

A primeira-dama Janja da Silva anunciou sua desistência de liderar a delegação brasileira na 69ª sessão da Comissão sobre a Situação da Mulher nas Nações Unidas (CSW), em Nova York, programada para março deste ano. O cargo será assumido pela ministra das Mulheres, Cida Gonçalves, que já está à frente da agenda da delegação brasileira.

A decisão foi tomada após um relatório da Presidência da República apontar que a viagem representaria um “alto risco”, em parte devido à possibilidade de manifestações de opositores do governo Lula nos Estados Unidos. Além disso, o governo avaliou que a presença de Janja poderia gerar desgaste político para sua imagem e para a administração federal como um todo.

Essa desistência ocorre em um contexto delicado, com o Palácio do Planalto refletindo sobre a crescente impopularidade de Janja e do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que enfrentam desafios significativos na opinião pública. A viagem à ONU seria a primeira de uma figura proeminente do governo brasileiro desde a posse de Donald Trump, período que reacendeu as tensões diplomáticas entre os dois países, principalmente em questões sensíveis como liberdade de expressão, tarifas comerciais e a deportação de brasileiros.

Mudança de Planejamento e Impactos na Viagem

Originalmente, Janja e Cida Gonçalves dividiram as responsabilidades da missão, com a primeira-dama assumindo um papel de destaque em Nova York, após compromissos no Rio de Janeiro relacionados ao pós-carnaval. No entanto, com a mudança de planos, agora será necessário reprogramar passagens e ajustar as reservas de hotéis, o que pode gerar custos adicionais ao erário.

Além disso, o governo havia planejado que Janja participasse da plenária principal da ONU, onde seria sua primeira aparição oficial em um evento de grande visibilidade internacional. Agora, a responsabilidade de discursar na sessão será atribuída à ministra Cida Gonçalves, garantindo continuidade à participação do Brasil no evento.

Polêmicas e Críticas ao Histórico de Viagens de Janja

A desistência de Janja ocorre após críticas recorrentes sobre sua participação em viagens internacionais e sua agenda informal. Durante sua visita à Etiópia, por exemplo, surgiram denúncias sobre solicitações logísticas inadequadas e problemas com os planos de segurança, o que gerou desconforto nas autoridades responsáveis pelo planejamento da viagem.

A delegação brasileira na CSW deste ano também não escapou de controvérsias, envolvendo a demissão de Carmen Foro, que havia liderado a missão anteriormente, e as denúncias de assédio moral envolvendo Cida Gonçalves e Maria Helena Guarezi, ambas figuras importantes dentro do governo federal.

O Contexto Político e Internacional

A participação do Brasil na 69ª sessão da CSW em Nova York incluirá debates centrais sobre questões de misoginia online, justiça climática, e a luta contra a fome e a pobreza. Em meio a um momento de crescente pressão interna e desafios diplomáticos com os Estados Unidos, a estratégia do governo federal é minimizar os impactos negativos dessa viagem, ao mesmo tempo em que busca manter a visibilidade do Brasil nas discussões sobre políticas públicas voltadas para as mulheres e os direitos humanos.

Com a ausência de Janja, a expectativa é de que a missão tenha um tom mais técnico e focado nas pautas globais, enquanto o governo busca equilibrar as demandas políticas internas e externas. O episódio levanta questões sobre como as figuras políticas de destaque devem conduzir suas ações em um cenário de crescente polarização política, tanto dentro do Brasil quanto no cenário internacional.

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Bruno Rigacci

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