STF rachado: ministros discordam sobre urgência no julgamento de Bolsonaro

Os ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) estão em desacordo sobre o ritmo do julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e outras 33 pessoas investigadas no inquérito sobre a suposta tentativa de golpe no Brasil. Enquanto um grupo de ministros acredita que o processo pode avançar rapidamente, com a possibilidade de recebimento da denúncia ainda neste mês e julgamento de mérito até o final do ano, outro grupo observa que, devido à complexidade do caso e ao perfil dos investigados, o processo pode demorar mais.

Em 2023, o STF adotou uma postura célere em relação ao julgamento dos acusados pela invasão aos prédios dos Três Poderes. As primeiras denúncias sobre os eventos de 8 de janeiro foram aceitas em abril daquele ano, e as primeiras condenações ocorreram em setembro. No entanto, a situação atual, envolvendo um ex-presidente e uma grande quantidade de investigados, demanda uma abordagem diferente.

De acordo com um dos ministros mais experientes da Corte, ouvido pela CNN, o contexto atual é distinto. Para ele, o processo pode ser mais demorado, uma vez que o voto do relator, que deverá detalhar as condutas de cada investigado, pode ocupar até quatro sessões ou mais. Além disso, a presença de defesas complexas e a possibilidade de recursos protelatórios são vistas como obstáculos a uma resolução rápida.

Outro ministro, no entanto, expressou a visão de que o julgamento deve ocorrer dentro de um prazo razoável, com a previsão de recebimento da denúncia e julgamento de mérito ainda em 2025. Essa previsão, no entanto, é considerada por alguns como otimista, especialmente considerando os “incidentes processuais” que devem surgir ao longo do processo, como os questionamentos feitos pelos advogados de defesa.

O julgamento do ex-presidente Bolsonaro no STF está gerando grande expectativa e também tensão, tanto pela relevância política quanto pela complexidade jurídica envolvida. Com a proximidade das eleições de 2026, há uma pressão para que o caso seja resolvido antes que o cenário eleitoral se intensifique, mas muitos ministros alertam que a tramitação do processo será mais longa e desafiadora do que se imagina.

Em meio a essas discussões internas na Corte, a sociedade acompanha com atenção os desdobramentos de um caso que promete ter grande impacto político e jurídico nos próximos anos.

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Bruno Rigacci

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