Dólar volta a encostar em R$ 5,80 com dados de inflação
O dólar à vista registrou alta superior a 1% nesta terça-feira (25), ampliando os ganhos do dia anterior e contrariando a tendência global, com investidores reagindo a dados que mostraram aceleração da inflação no Brasil e a novas ameaças tarifárias do ex-presidente dos Estados Unidos, Donald Trump.
O dólar à vista subiu 0,77%, atingindo R$5,7991 na venda, após alcançar R$5,813 mais cedo. Já na B3, o contrato de dólar futuro para primeiro vencimento avançava 0,68%, cotado a R$5,812 na venda. Na véspera, a moeda norte-americana havia fechado em alta de 0,42%, a R$5,7546.
Dados de Inflação e Reação do Mercado
O movimento no mercado cambial foi impulsionado pelo impacto dos dados do IPCA-15 de fevereiro, divulgados pelo IBGE, que mostraram um aumento mensal de 1,23% no índice de preços, acelerando em relação ao crescimento de 0,11% observado em janeiro. No acumulado de 12 meses, o IPCA-15 registrou alta de 4,96%, superando o avanço de 4,5% registrado no mês anterior.
Embora o resultado tenha ficado abaixo das expectativas do mercado, o dado sustenta a percepção de descontrole nos preços, já que a inflação segue acima do teto da meta estabelecida pelo Banco Central (centro de 3% e margem de 1,5 pontos percentuais para cima ou para baixo). Este cenário, combinado com a desconfiança do mercado em relação aos esforços do governo para controlar as contas públicas, fez com que o real se desvalorizasse frente ao dólar.
Ceticismo com o Governo Lula
A recente queda na popularidade do presidente Luiz Inácio Lula da Silva também gerou apreensão nos mercados. Alguns analistas temem que a diminuição da popularidade possa resultar em mais gastos relacionados a benefícios sociais, ampliando as incertezas fiscais. “A queda de popularidade do governo pode ser um propulsor de mais gastos, o que gera mais receio no mercado em relação ao fiscal”, afirmou Fernando Bergallo, diretor da FB Capital.
Fuga de Risco e Influência do Mercado Externo
No cenário internacional, o dólar perdeu terreno frente a outras moedas, com o índice do dólar caindo 0,26%, a 106,470, refletindo uma movimentação global mais favorável a outras divisas. No entanto, o real operou na contramão, com os investidores brasileiros reagindo principalmente aos fatores internos.
Ameaças Tarifárias de Trump
Enquanto isso, o mercado também acompanhou de perto novos comentários do ex-presidente dos EUA, Donald Trump, sobre a imposição de tarifas. Trump reafirmou que as tarifas de 25% sobre as importações do Canadá e México estão “dentro do prazo e do cronograma”, apesar dos esforços dos dois países para conter o fluxo de fentanil para os EUA. A declaração gerou incertezas no mercado global, uma vez que muitos acreditavam que os países vizinhos poderiam persuadir o governo americano a adiar a aplicação das tarifas.
“O impacto das declarações de Trump nos ativos de risco é significativo. No entanto, ainda há certo grau de ceticismo, com a possibilidade de que manter a pressão até o último momento seja uma estratégia e que as tarifas possam ser adiadas ou até evitadas”, afirmou Eduardo Moutinho, analista de mercados do Ebury Bank.
Expectativas para o Mercado
Com a combinação de fatores internos e externos, os investidores permanecem atentos aos próximos movimentos tanto do governo brasileiro quanto de Trump. As declarações do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, que participará do BTG Pactual CEO Conference 2025, também são esperadas para definir a tendência do mercado no curto prazo.