Interpol remove dados de Allan dos Santos após suspeita de perseguição política
O nome do jornalista Allan dos Santos foi excluído do sistema da Interpol, após a Comissão de Controle dos Arquivos da organização atender a um pedido de sua defesa. A decisão, tomada em outubro de 2024, foi revelada neste sábado (22) depois que o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), levantou o sigilo do processo judicial contra Allan.
O processo, identificado como PET 9935, foi instaurado no âmbito do inquérito das “milícias digitais” (4874) e resultou na prisão preventiva de Allan dos Santos, decretada pelo STF. Apesar de Moraes ter solicitado a inclusão de Allan na Lista Vermelha da Interpol, o pedido não foi atendido, com a justificativa de que ele poderia ter motivação política e representar uma restrição à liberdade de imprensa.
Dificuldade no acesso aos autos do processo
Embora o processo tenha sido aberto ao público, a consulta aos autos tem sido dificultada por duplicidade de documentos e falta de organização na digitalização das folhas, o que torna a leitura confusa e a compreensão do andamento da investigação mais difícil.
Acusações contra Allan dos Santos
O processo revela as acusações da Polícia Federal (PF) contra o jornalista. De acordo com os autos, Allan dos Santos teria produzido e disseminado conteúdos alinhados com as ações de uma associação criminosa, com o objetivo de atacar instituições públicas, desacreditar o processo eleitoral brasileiro e reforçar discursos polarizadores, entre outros crimes. Entre as acusações, estão: organização criminosa, calúnia, difamação, injúria, incitação ao crime e discriminação.
A PF também aponta que Allan dos Santos teria usado suas redes sociais como uma ferramenta para obter lucros substanciais, gerando receitas por meio da monetização de seus conteúdos e de doações. O relatório o descreve como uma “figura central” dentro de um esquema lucrativo relacionado à desinformação.
Disputa entre Moraes e Allan dos Santos
O caso reflete o embate entre o ministro Alexandre de Moraes e Allan dos Santos, que segue foragido nos Estados Unidos desde que teve sua prisão preventiva decretada em 2021. A situação também envolve o bloqueio da plataforma Rumble, onde Allan mantém presença ativa. Moraes acusa a plataforma de permitir a disseminação de conteúdos que atacam o STF e outras instituições brasileiras.
Com a exclusão dos dados de Allan dos Santos da Interpol, a possibilidade de sua extradição se torna ainda mais difícil, intensificando o impasse entre a Justiça brasileira e o jornalista foragido.