Bolsonaro reage com ironia à denúncia de Gonet

O ex-presidente Jair Bolsonaro se manifestou novamente sobre a denúncia apresentada pelo procurador-geral da República, Paulo Gonet, no programa Oeste Sem Filtro da Revista Oeste, em entrevista remota na sexta-feira, 21 de fevereiro de 2025. Ele criticou duramente a acusação, que aponta seu envolvimento em uma suposta tentativa de golpe de Estado após as eleições de 2022, afirmando que o procurador havia “fantasiado” os fatos, e questionou a veracidade dos elementos apresentados.

Denúncia e Resposta de Bolsonaro

A denúncia apresentada ao Supremo Tribunal Federal (STF) no dia 18 de fevereiro de 2025 acusa Bolsonaro e outros 33 envolvidos de crimes como a tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito e organização criminosa, com base em um relatório da Polícia Federal de novembro de 2024. O documento, com mais de 800 páginas, foi tornado público após o sigilo ser derrubado pelo ministro Alexandre de Moraes, e traz Bolsonaro como suposto líder de um plano para subverter os resultados das eleições de 2022, vencidas por Luiz Inácio Lula da Silva.

Bolsonaro, por sua vez, não só contestou as acusações, mas também sugeriu que a denúncia se baseia em uma construção artificial e sem fundamentos sólidos. Ele se referiu à delação de Mauro Cid, seu ex-ajudante de ordens, como uma evidência frágil, sugerindo que Cid teria sido pressionado a fornecer informações que sustentassem a narrativa da investigação. Em tom irônico, Bolsonaro questionou a lógica das acusações, apontando que seria incoerente ele estar planejando um golpe e, ao mesmo tempo, viajar para os Estados Unidos logo após deixar o cargo. “Eu não vou dar um golpe pegando um avião e indo para os Estados Unidos, ao lado do Mickey e do Pateta”, afirmou.

Ameaça de Moraes a Cid e Pesca Probatória

Um ponto crucial da denúncia envolve a delação de Mauro Cid, que a defesa de Bolsonaro considera ser resultado de uma “pressão” por parte das autoridades. O ex-presidente criticou a atuação da Polícia Federal, acusando-a de realizar uma “pesca probatória” – ou seja, buscar evidências indiscriminadas em celulares e outros materiais sem uma base sólida para justificar tal busca.

Em sua entrevista, Bolsonaro também mencionou que o contexto da sua viagem aos Estados Unidos, que ocorreu logo após o fim de seu mandato, era uma prova de sua ausência no Brasil, sugerindo que seria impossível ele estar envolvido em qualquer tipo de plano de golpe, já que estava fora do país.

Repercussões e Implicações Políticas

A reação de Bolsonaro à denúncia tem importantes implicações, tanto no campo jurídico quanto político. Ao desafiar a credibilidade da denúncia e criticar o procurador-geral Paulo Gonet, ele busca mobilizar sua base política contra o que vê como uma “perseguição”. Essa estratégia, por sua vez, visa solidificar seu apoio, principalmente entre os parlamentares do PL e seus seguidores nas redes sociais, além de criar um discurso de resistência diante das investigações que ele considera serem infundadas.

O caso, se aceito pelo STF, pode ter graves consequências para Bolsonaro. Caso os ministros da Suprema Corte decidam que há elementos suficientes para transformar a denúncia em ação penal, o ex-presidente poderá se tornar réu e enfrentar penas pesadas, que, somadas, poderiam ultrapassar 40 anos de prisão, além de aumentar a inelegibilidade já decretada pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) até 2030.

Desfecho do Caso no STF

O desenrolar da acusação no STF está sendo aguardado com grande expectativa. Após a entrega da denúncia, os advogados de Bolsonaro e dos outros 33 denunciados têm até 15 dias para apresentar suas defesas, com o prazo se encerrando no início de março de 2025. A Primeira Turma do STF, composta por cinco ministros, terá a responsabilidade de decidir se a denúncia será aceita e se os acusados serão processados como réus. Esse será um momento crucial para o futuro político de Bolsonaro, especialmente em um cenário pré-eleitoral.

O Futuro de Bolsonaro e o Cenário Político

A acusação e as reações subsequentes estão influenciando o cenário político no Brasil. Em um ano pré-eleitoral, as tensões em torno de Bolsonaro e sua base de apoio podem afetar diretamente o equilíbrio de forças políticas no país. Enquanto o ex-presidente mantém seu discurso combativo e tenta reforçar a narrativa de perseguição, o STF terá o papel de arbitrar essa disputa, com possíveis desdobramentos significativos para a carreira política de Bolsonaro, seja em termos de novos desafios jurídicos ou da mobilização de sua base em um ambiente politicamente polarizado.

Esse caso é, sem dúvida, um dos mais relevantes da história política recente do Brasil, colocando em jogo o futuro político do ex-presidente e o equilíbrio entre os poderes no país. Enquanto as investigações avançam, o desenrolar das decisões do STF será determinante para definir o rumo das eleições municipais de 2026 e, possivelmente, da política nacional nos anos seguintes.

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Bruno Rigacci

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