STF: Ministros criticam Moraes e querem Bolsonaro no plenário
A denúncia apresentada pela Procuradoria-Geral da República (PGR) contra o ex-presidente Jair Bolsonaro será julgada pela Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF), decisão tomada nesta terça-feira (18). A acusação, que envolve Bolsonaro em uma suposta trama golpista para garantir sua permanência no poder após as eleições de 2022, tem gerado controvérsias dentro da própria Corte.
A denúncia foi enviada ao STF pelo procurador-geral da República, Paulo Gonet, e trata-se de uma acusação grave: Bolsonaro seria um dos supostos envolvidos em um plano para frustrar o resultado eleitoral e manter-se no comando do país, algo que seria considerado um atentado à democracia.
No entanto, a escolha da Primeira Turma como responsável por julgar o caso não foi unânime entre os ministros do STF. Fontes próximas à Corte informaram à colunista Mônica Bergamo, da Folha de S.Paulo, que alguns ministros demonstraram inconformismo com a decisão do presidente da Primeira Turma, Alexandre de Moraes, de levar o julgamento para esse colegiado menor, ao invés de ser submetido ao plenário completo do STF.
A preocupação dos ministros é a de que, devido à gravidade da acusação contra um ex-presidente da República, o julgamento deveria ser realizado pelo plenário, com todos os ministros da Corte participando da decisão. Para muitos, essa seria uma forma de dar maior legitimidade ao veredito e garantir a imparcialidade do processo.
“Não dá para julgar um ex-presidente dessa maneira”, teria dito um dos ministros à Folha, ao sugerir que o caso deveria ser tratado com o máximo de seriedade, como foi o julgamento dos réus envolvidos nos ataques de 8 de janeiro. Na ocasião, os acusados de envolvimento na tentativa de golpe também foram julgados pelo STF em plenário, o que gerou a expectativa de que o mesmo tratamento fosse dado a Bolsonaro.
Além disso, essa decisão de levar o julgamento à Primeira Turma pode ter repercussões políticas. A figura de Bolsonaro ainda é muito polarizada no Brasil, e a percepção de um julgamento “menos visível” poderia ser vista por alguns como uma forma de enfraquecer a importância da decisão.
O caso continua a se desenrolar enquanto o país aguarda os próximos passos do STF e da Procuradoria-Geral da República. As consequências legais e políticas do julgamento de Bolsonaro certamente terão um impacto profundo na política brasileira, já marcada pela tensão entre as instituições e pela busca incessante por respostas sobre o que realmente ocorreu nas eleições de 2022.
Defesa de Bolsonaro Se Manifesta
Após a repercussão das últimas notícias, a defesa de Jair Bolsonaro divulgou uma nota rebatendo as acusações e apontando o processo como uma tentativa de politizar a Justiça. Em um momento de grande turbulência política, a tensão entre as instituições e os atores envolvidos no caso segue alta.
O Caso Mauro Cid e os Movimentos nos Bastidores
Enquanto isso, novas informações sobre os bastidores do golpe de 2022 também ganham destaque. O ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, Mauro Cid, estaria negociando um acordo de delação premiada, com o objetivo de obter uma pena reduzida e garantir proteção à sua família. Isso adiciona mais complexidade ao cenário político, à medida que mais pessoas começam a colaborar com as investigações sobre os eventos do ano passado.
Em meio a isso, a aprovação do atual presidente Luiz Inácio Lula da Silva segue em queda, atingindo 55%, conforme levantamento do Instituto Paraná Pesquisas. O cenário político brasileiro continua em constante transformação, e os desdobramentos dos processos judiciais devem seguir no centro do debate público.