Cuba enfrenta maior apagão em anos: 57% do país está sem luz
Cuba enfrentou nesta quarta-feira (12) o maior apagão simultâneo dos últimos dois anos, afetando até 57% do território nacional. Este é o pior cenário energético do país em 2025, resultado de uma crise que se agravou nos últimos meses e tem causado grandes dificuldades para a população, com apagões de até 20 horas diárias, de acordo com dados da União Elétrica (UNE), estatal ligada ao Ministério de Energia e Minas.
Causas da crise energética: A crise é atribuída a uma combinação de fatores, entre eles a infraestrutura obsoleta das usinas termoelétricas, muitas das quais operam há décadas sem investimentos adequados para manutenção. Atualmente, nove das 20 unidades termoelétricas estão fora de operação devido a falhas ou manutenção, e várias usinas de geração distribuída também estão paralisadas por falta de combustíveis como óleo combustível e diesel.
A UNE projetou que, durante os horários de pico, a capacidade de geração elétrica será de 1.490 megawatts (MW), enquanto a demanda chegará a 3.290 MW, resultando em um déficit de 1.800 MW. Para lidar com isso, cortes programados afetarão 1.870 MW, piorando ainda mais o fornecimento de energia.
Subfinanciamento crônico e controle estatal: Especialistas apontam que a crise energética é consequência do subfinanciamento crônico do setor elétrico cubano, que é controlado pelo Estado desde a Revolução Cubana de 1959. Estima-se que seriam necessários entre US$ 8 bilhões e US$ 10 bilhões para modernizar o Sistema Elétrico Nacional (SEN), um valor fora do alcance do governo cubano.
Impactos econômicos e sociais: Essa crise energética vem acentuando ainda mais a já frágil economia cubana. Em 2023, o país teve uma contração de 1,9% no PIB, e em 2024 não houve crescimento. Para 2025, o governo projeta um crescimento de apenas 1%, o que muitos especialistas consideram irrealista diante da crise estrutural.
Os apagões frequentes têm impacto direto na economia, pois afetam a produção industrial, o funcionamento de hospitais e escolas, além de interromper o fornecimento de água em algumas áreas. A situação tem causado grande descontentamento entre a população, já insatisfeita com a situação política e econômica do país.
A vida sem energia: Em várias regiões de Cuba, incluindo grandes cidades como Santiago de Cuba, o fornecimento de energia é limitado a uma média de quatro horas por dia, muitas vezes durante a madrugada. Até a capital Havana, que geralmente é poupada de cortes tão severos, sofre interrupções diárias de até cinco horas. Isso tem um impacto significativo na qualidade de vida da população e contribui para o crescente mal-estar social.
A crise energética é um reflexo da combinação de problemas estruturais no setor e a escassez de recursos para modernizar a infraestrutura, em um momento em que o país enfrenta uma grave crise política e econômica.