Com déficit bilionário e salários atrasados, Correios gastam R$ 1,3 Milhão em Evento de Lula

Os Correios, que enfrentam uma grave crise financeira, com prejuízo de R$ 3,2 bilhões no último ano e um rombo recorde de R$ 424 milhões em janeiro de 2025, destinaram R$ 1,3 milhão para patrocinar o Encontro de Novos Prefeitos 2025, realizado em Brasília. O evento, organizado pela Presidência da República e coordenado pela Secretaria de Relações Institucionais, teve a presença do presidente Lula (PT) na abertura e foi centrado no tema “A cidade que queremos está em nossas mãos”.

Este investimento gerou críticas, especialmente considerando o cenário financeiro da estatal, que enfrenta atrasos no pagamento de salários e uma insatisfação crescente tanto de seus empregados quanto de seus clientes. A justificativa dos Correios para o gasto foi a de que o patrocínio representava uma “oportunidade de ampliação do alcance de seu público-alvo”, além de contribuir para fortalecer sua imagem e relevância no cenário nacional. No entanto, essa justificativa não foi suficiente para mitigar as críticas em um momento em que a empresa está amargurando recordes de prejuízo.

Além dos Correios, outras instituições como o Sebrae, Banco do Brasil, Caixa Econômica Federal e Serpro também patrocinaram o evento. Vale lembrar que, em 2024, os Correios já haviam destinado R$ 34 milhões a eventos culturais, com o objetivo declarado de melhorar sua imagem institucional. No entanto, a crítica é de que esse tipo de gasto é incompatível com a situação financeira da empresa, que vive uma crise sem precedentes.

Em termos de desempenho financeiro, a situação dos Correios continua a se agravar. Em janeiro de 2025, a estatal registrou um déficit de R$ 424 milhões, o maior da sua história para o mês de janeiro. As despesas totalizaram R$ 1,915 bilhão, enquanto as receitas ficaram em R$ 1,491 bilhão, o que demonstra um desajuste considerável entre o que a empresa gasta e o que arrecada. Em comparação com janeiro de 2024, quando o prejuízo foi menor (R$ 123 milhões), o quadro mostra uma piora contínua da situação financeira da empresa.

O rombo das estatais federais em 2024 foi de R$ 8,07 bilhões, o maior desde o início da série histórica, segundo dados divulgados pelo Banco Central. Desse total, R$ 3,2 bilhões foram de responsabilidade dos Correios, o que corresponde a cerca de 50% do déficit das 20 estatais federais monitoradas pelo Ministério da Gestão e Inovação. Empresas de maior porte, como Petrobras e Banco do Brasil, não foram incluídas na análise, mas o impacto negativo dos Correios destaca-se, refletindo problemas de gestão e a escolha de prioridades em um momento de crise financeira.

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Bruno Rigacci

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