Estadão sobre taxar o Pix: “Pode não ser verdade, mas faz sentido”

Em editorial publicado nesta quarta-feira (15), o jornal O Estado de S. Paulo se manifestou sobre a recente polêmica envolvendo o endurecimento da fiscalização do Pix, além das falsas notícias relacionadas à criação de um novo imposto sobre a operação financeira. O texto, intitulado Se Non è Vero, è Molto Ben Trovato (“Pode Não Ser Verdade, Mas Faz Todo o Sentido”, em tradução livre), traz uma análise crítica sobre a disseminação de boatos e a forma como o governo tem lidado com o tema.

O editorial destaca que, embora a informação de que o Pix será taxado seja falsa, há um “fundo de verdade” no debate, pois o governo, de fato, está buscando alternativas para aumentar a arrecadação a fim de lidar com a crescente pressão sobre os gastos públicos. A publicação aponta que o governo Lula tem demonstrado uma “ânsia” em aumentar a receita, algo que reflete uma gestão que não consegue reduzir as despesas de um Estado considerado ineficiente, que não oferece os serviços básicos que justifiquem os altos impostos cobrados da população.

Para o Estadão, o governo não se frustrou apenas com os efeitos da desinformação, mas também com o fato de que a boataria ajuda a reforçar a imagem do governo como um “insaciável arrecadador”, algo que já tem sido um ponto sensível na relação do Executivo com a opinião pública. Em sua visão, essa reação exacerbada ao boato indica uma tentativa de evitar que a imagem de uma administração que busca incessantemente aumentar a carga tributária se solidifique ainda mais.

O jornal também observa que, apesar das críticas sobre a postura do governo, não há “nada de errado ou mesmo de novo” nas novas normas de fiscalização do Pix. Para o Estadão, a instrução normativa, publicada em setembro do ano passado e que entrou em vigor no início de 2025, não é uma medida inédita, mas apenas mais uma regra destinada a garantir que os contribuintes paguem os impostos devidos. Nesse sentido, o periódico defende que o governo deveria ter esclarecido a medida desde o início, de modo a evitar o crescimento da especulação em torno do tema.

A publicação finaliza sua análise observando que o silêncio do governo sobre a instrução normativa foi o que permitiu que o boato prosperasse, e conclui que, embora piadas sobre o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, ser um “implacável executor de impostos” possam não agradá-lo, elas são resultado do contexto gerado pela falta de comunicação clara sobre a questão.

O editorial enfatiza, portanto, que a medida de fiscalização em si não é problemática, mas que a falta de transparência e o clima de desinformação contribuíram para a polêmica, ajudando a consolidar uma imagem do governo como um agente implacável na busca por mais arrecadação.

Compartilhe nas redes sociais

Bruno Rigacci

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Este site usa cookies para garantir que você tenha a melhor experiência em nosso site! ACEPTAR
Aviso de cookies