“Marielle vive”, causa racha no PT e prefeito se irrita com intromissão de Gleisi
A recente postagem de Washington Quaquá, vice-presidente nacional do PT e prefeito de Maricá (RJ), gerou uma grande polêmica no cenário político brasileiro. Na quinta-feira (9), Quaquá publicou uma foto nas redes sociais ao lado da esposa e dos filhos de Domingos Brazão, que é réu no processo que apura o assassinato da vereadora Marielle Franco. A imagem causou repercussão imediata, dado o contexto envolvendo o caso de Marielle, que até hoje mobiliza discussões sobre justiça e direitos humanos no Brasil.
Na legenda da foto, Quaquá afirmou que não há provas que apontem para o envolvimento de Domingos Brazão, ex-deputado e líder político no Rio de Janeiro, e seu irmão, Chiquinho Brazão, no assassinato de Marielle Franco. A declaração de Quaquá, minimizando qualquer vínculo de Brazão com o crime, provocou reações de outros membros do PT, principalmente da ministra Anielle Franco, irmã de Marielle, que demonstrou indignação com a postura do dirigente petista.
Anielle Franco, em um tom de repreensão, criticou a atitude de Quaquá e anunciou que tomaria providências formais, acionando o conselho de ética do PT. A ministra, que tem se destacado pela defesa da memória e da justiça no caso de Marielle, afirmou que o partido precisa se posicionar de forma mais contundente em relação ao envolvimento de membros do partido com figuras politicamente comprometidas com investigações que envolvem o assassinato de sua irmã.
Gleisi Hoffmann, presidente do PT, também se manifestou sobre a situação. Em um pronunciamento oficial, ela afirmou que o partido “repudia as manifestações de caráter exclusivamente pessoal” de Quaquá e ressaltou a importância de manter a postura institucional do PT, principalmente diante de questões tão sensíveis como o caso Marielle.
A reação de Quaquá diante da crítica foi rápida e incisiva. O prefeito de Maricá se mostrou ainda mais irritado com a intervenção de Gleisi Hoffmann e afirmou, com veemência, que “não precisa usar a morte de ninguém para fazer política”. Segundo Quaquá, seu posicionamento sempre foi em defesa da justiça, e ele continua a brigar por isso sem utilizar tragédias pessoais como instrumento político.
A troca de farpas entre os membros do PT trouxe à tona um debate mais amplo sobre os limites das manifestações públicas dentro do próprio partido, principalmente em relação a figuras envolvidas em processos de grande repercussão como o assassinato de Marielle Franco. A questão também coloca em evidência a dificuldade interna do PT em alinhar suas diferentes correntes sobre questões que tocam diretamente a justiça e a ética.
O caso continua a gerar divisões dentro do partido, e a tensão entre os membros reflete o impacto das investigações sobre o assassinato de Marielle Franco, que permanece sem solução definitiva. Enquanto isso, a busca por justiça para Marielle segue sendo uma das bandeiras mais fortes para muitos, dentro e fora do PT, enquanto o caso continua a influenciar a política brasileira de formas inesperadas.