Preço da carne bovina registra maior alta desde o auge da pandemia e sobe 20,4% em 2024

Em 2024, o preço da carne bovina no Brasil registrou uma alta média de 20,4%, o maior aumento em quatro anos. Esse índice superou até mesmo os aumentos observados durante a pandemia de coronavírus em 2020, quando os preços subiram 17%, de acordo com dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). A escalada de preços impacta tanto os cortes nobres quanto os populares, essenciais para o consumo doméstico, refletindo uma combinação de fatores internos e externos.

Os cortes mais caros, como picanha (+8,7%) e filé-mignon (+18,5%), tiveram aumentos significativos, mas foram os cortes populares que enfrentaram as variações mais expressivas. O acém, por exemplo, teve um aumento de 25,2%, seguido por outros cortes como o patinho (+24,1%), a pá (+22,9%), o lagarto (+22,8%), a costela (+21,3%) e a alcatra (+21%). Esses aumentos em cortes essenciais refletem a pressão crescente sobre os preços da carne no mercado interno.

Fatores que impulsionaram os preços

A alta dos preços da carne bovina em 2024 foi impulsionada por diversos fatores. Entre os mais relevantes estão a redução do rebanho bovino pelo segundo ano consecutivo e o aumento das exportações, principalmente para a China, que se consolidou como o principal destino da carne brasileira. A alta demanda externa, especialmente da China, reduziu a oferta interna e contribuiu para o aumento dos preços no mercado doméstico.

“A combinação de menor oferta e maior exportação cria um descompasso que afeta diretamente o consumidor brasileiro. A carne bovina, que já era cara, tornou-se ainda mais inacessível para muitas famílias em 2024”, avaliou um economista especializado no setor agropecuário.

Comparação com anos anteriores

A alta em 2024 representa um descompasso em relação aos anos anteriores. Veja a evolução dos preços nos últimos anos:

  • 2020: Alta de 17%, impulsionada pela pandemia.
  • 2021: Aumento moderado de 8,45%.
  • 2022: Alta de apenas 1,8%, com estabilização econômica.
  • 2023: Queda de 9%, devido à interrupção temporária das compras pela China.

A volta da China como principal importadora de carne brasileira, somada à redução do rebanho e aos custos elevados de produção, reverteu a tendência de queda registrada em 2023 e elevou os preços no mercado interno.

Impacto no custo de vida

O aumento substancial nos preços da carne bovina em 2024 tem um impacto direto no custo de vida das famílias brasileiras, especialmente as de menor poder aquisitivo, que enfrentam dificuldades para manter o consumo de proteína animal em meio à inflação crescente. Para muitos, a carne vermelha está sendo substituída por outras fontes de proteína, como frango e ovos, que também sofreram aumentos, mas em patamares inferiores.

A disparada nos preços da carne reflete um cenário desafiador para o mercado doméstico e amplia a desigualdade no acesso a alimentos essenciais, pressionando o orçamento das famílias e exacerbando a crise de custo de vida no país. O setor agropecuário, por sua vez, se vê diante de um cenário de alta demanda externa e custos elevados de produção, o que pode seguir influenciando os preços no futuro próximo.

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Bruno Rigacci

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