Pavanato: “Eu não estou nem aí para quem é Júlio Lancellotti”
O vereador Lucas Pavanato (PL-SP) tem sido uma figura polêmica ao protocolar o pedido de abertura de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) na Câmara Municipal de São Paulo. A proposta visa investigar a atuação de ONGs que atuam na assistência a moradores de rua e dependentes químicos, especialmente no que diz respeito à falta de transparência sobre o uso de recursos públicos. Embora o projeto tenha gerado discussões, Pavanato foi enfático em afirmar que sua iniciativa não tem como objetivo atacar o padre Júlio Lancellotti, uma figura importante no trabalho com populações vulneráveis, particularmente com moradores de rua.
Pavanato e a CPI
Em entrevista ao Pleno.News, Pavanato desmentiu as acusações de que a CPI seria uma resposta a figuras religiosas ou à atuação de padre Júlio Lancellotti, conhecido por seu trabalho social. O parlamentar deixou claro que a questão central de sua proposta é a falta de prestação de contas por parte de ONGs que recebem dinheiro público, e não uma crítica direta ao padre.
Ele destacou que, se houvesse algum problema com a atuação do padre Lancellotti ou com sua forma de agir nas questões sociais, a responsabilidade seria da Igreja Católica, e não do poder público. Pavanato ainda reforçou que a sua crítica é voltada para as instituições que, segundo ele, têm falhado em dar transparência sobre os recursos públicos que recebem.
Críticas ao Padre Júlio Lancellotti
Pavanato foi claro ao afirmar que sua questão não é com Lancellotti e que ele não está interessado em atacar o religioso pessoalmente. Em suas palavras, ele comentou sobre a responsabilidade da Igreja:
“Se a própria Igreja Católica não tem resolvido o problema de um padre, que, pra mim, presta um péssimo serviço à sociedade como o Lancellotti, se nem a própria imprensa e nem a Igreja resolveram, não sou eu que vou resolver. É só uma questão interna da Igreja Católica.”
Com isso, Pavanato procurou esclarecer que a CPI visa apenas investigar o uso de dinheiro público pelas ONGs, e que ele não está preocupado com questões internas da Igreja Católica ou com a atuação de padre Lancellotti especificamente.
Objetivo da CPI: Transparência no Uso de Recursos Públicos
A principal justificativa de Lucas Pavanato para a criação da CPI é a falta de transparência nas ONGs que recebem recursos públicos. O vereador alegou que essas instituições não têm dado satisfação sobre como os fundos públicos são utilizados, o que, segundo ele, compromete a eficiência e credibilidade dos projetos destinados a ajudar as populações vulneráveis, como moradores de rua e dependentes químicos.
Ele também comentou que, até onde sabia, padre Lancellotti não tem ligação direta com nenhuma ONG, e portanto, a investigação não tem como foco a pessoa do padre, mas sim as ONGs que operam com dinheiro público e que, em sua visão, precisam ser mais transparentes em relação à gestão financeira.
Controvérsias e Reações
A proposta de Pavanato tem gerado divisões políticas e sociais. Enquanto muitos consideram a iniciativa uma maneira de garantir maior controle e eficiência no uso dos recursos públicos, outros acreditam que a CPI pode ser uma forma de ataque político e ideológico a projetos sociais relacionados à população de rua e a grupos de apoio a dependentes químicos, que são frequentemente associados a uma visão de solidariedade cristã, como o trabalho realizado por padre Júlio Lancellotti.
Pavanato também enfrentou críticas de que a sua proposta pode ter um viés ideológico, dada sua filiação ao PL, um partido com forte identificação com a direita. Seus opositores sugerem que a verdadeira intenção seria minar a atuação de organizações de esquerda e daqueles que defendem políticas públicas voltadas para as pessoas em situação de vulnerabilidade.
Conclusão
A proposta de Lucas Pavanato para abrir uma CPI sobre ONGs tem um foco na transparência, mas sua relação com padre Júlio Lancellotti e as críticas ao trabalho dessas organizações têm gerado bastante polêmica. Se for aprovada, a CPI poderá abrir um debate importante sobre a eficiência do uso de recursos públicos em áreas sensíveis, como a assistência a moradores de rua e dependentes químicos. No entanto, também poderá ser vista como uma forma de ataque político a determinados grupos ideológicos e à atuação de entidades religiosas em projetos sociais.
Esse movimento será monitorado com atenção, pois ele tem o potencial de gerar reflexões sobre o equilíbrio entre o uso de recursos públicos e as práticas de solidariedade social, além de possíveis consequências para a relação entre política e religião no Brasil.