Polícia conclui que prefeito foi morto a mando da vice-prefeita afastada
A Polícia Civil do Rio Grande do Norte concluiu as investigações sobre o assassinato de Marcelo Oliveira, prefeito de João Dias, e de seu pai, Sandi Oliveira, confirmando que o crime foi encomendado pela vice-prefeita afastada Damaria Jácome (Republicanos) e sua irmã, Leidiane Jácome. O duplo homicídio ocorreu em 27 de agosto de 2024, a 40 dias das eleições municipais, nas quais Marcelo disputava a reeleição.
Em uma operação denominada Operação Profanos, a polícia cumpriu mandados de prisão e busca e apreensão em diversas cidades da região, incluindo João Dias, Patu e Marcelino Vieira. Damaria, Leidiane e um terceiro suspeito, identificado apenas como um pastor (cujo nome não foi divulgado), foram apontados como responsáveis pelo crime. Enquanto o pastor foi capturado, as irmãs continuam foragidas.
Segundo o delegado Alex Wagner, da Polícia Civil do Oeste, o conflito entre Marcelo e Damaria começou logo após a posse de Marcelo como prefeito, em 2021. Em julho daquele ano, Marcelo renunciou ao cargo devido a ameaças, mas conseguiu reassumir a Prefeitura um ano e meio depois, por decisão judicial. Durante esse período, Damaria foi afastada de suas funções.
O caso ganhou repercussão em 2022, quando Marcelo e sua família foram alvos de uma tentativa de assassinato. O prefeito, seu pai e um irmão sofreram um atentado, mas conseguiram sobreviver. Após o retorno de Marcelo ao cargo, as tensões entre ele e a vice-prefeita aumentaram. Os irmãos de Damaria e Leidiane foram mortos em confrontos com a polícia, e a família de Damaria acusou Marcelo de colaborar com as autoridades, repassando informações sobre a localização dos parentes.
A rivalidade política atingiu um novo pico com a candidatura de Damaria à Prefeitura em 2024. No entanto, ela foi derrotada pela viúva de Marcelo, Fatinha de Marcelo (União Brasil), que assumiu a candidatura em setembro, após a morte de seu marido. Fatinha venceu com 66,84% dos votos válidos, derrotando Damaria, que obteve 20,81%, e a outra candidata, Irenilda Fernandes (MDB), que recebeu 12,35%.
A morte de Marcelo e de seu pai foi marcada por um contexto de intensas disputas políticas e pessoais, que agora resultaram em uma investigação que desmascara o envolvimento direto de figuras políticas locais na tragédia. O caso segue em andamento, com as autoridades buscando capturar as foragidas e concluir a investigação.