O país em parafuso: BC torra US$ 4 bilhões, dólar quebra novo recorde e declaração de Trump assusta
Na manhã desta segunda-feira (16), o dólar quebrou mais um recorde histórico, fechando em alta de 0,99% e cotado a R$ 6,09. Esse movimento reflete uma pressão crescente sobre a moeda brasileira, com o Banco Central (BC) tentando, mas sem sucesso, conter o avanço da moeda americana.
Intervenções do Banco Central
Logo nas primeiras horas do pregão, por volta das 9h30, o dólar atingiu R$ 6,09. Em resposta, o Banco Central realizou uma intervenção cambial através de um leilão de swap cambial, entre 9h35 e 9h40, o que fez a cotação recuar para R$ 6,03. No entanto, a medida teve efeito temporário, e às 11h30, o dólar voltou a subir, registrando uma alta de 0,74%, fechando o dia a R$ 6,08.
Entre 10h20 e 10h25, o Banco Central fez uma segunda intervenção, investindo US$ 3 bilhões em um leilão de linha. Essa operação não tem o objetivo direto de alterar a cotação do dólar, mas sim proporcionar maior liquidez ao mercado, evitando a escassez de dólares e facilitando as operações cambiais. Vale lembrar que, na sexta-feira (13), o BC já havia realizado outra intervenção, vendendo US$ 845 milhões para tentar dar mais estabilidade à moeda brasileira.
Expectativas para o Mercado e o Copom
O cenário de alta do dólar ocorre em um contexto de grande expectativa entre investidores. Para esta terça-feira (17), a atenção se volta para a última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central e a decisão do Federal Reserve (Fed) sobre as taxas de juros nos Estados Unidos. Analistas do mercado financeiro aguardam um possível corte de 0,25 ponto percentual nos juros americanos, o que pode influenciar diretamente a cotação do dólar em relação ao real.
Tensões Comerciais e Ameaças de Retaliação
O movimento de valorização do dólar também acontece em meio a tensões comerciais internacionais. O presidente eleito dos Estados Unidos, Donald Trump, fez declarações polêmicas sobre o Brasil nesta segunda-feira, acusando o país de ser um dos que impõem tarifas elevadas sobre os produtos americanos. Em sua fala, Trump afirmou que o Brasil estaria sujeito a retaliações, incluindo o aumento de tarifas de importação. Esta foi a primeira vez que o Brasil foi explicitamente mencionado como alvo de medidas punitivas por parte dos Estados Unidos.
As declarações de Trump geraram preocupação nos mercados, uma vez que o aumento de tarifas poderia afetar as exportações brasileiras e, consequentemente, pressionar ainda mais o câmbio. O cenário de incertezas externas, somado às medidas internas do BC, torna o futuro da cotação do dólar incerto, com os investidores atentos às próximas decisões dos principais bancos centrais.
Impactos no Mercado e na Economia Brasileira
O aumento contínuo do dólar tem impactos significativos para a economia brasileira. A alta da moeda americana torna as importações mais caras, o que pode pressionar a inflação, especialmente no setor de bens de consumo e matérias-primas. Além disso, a desvalorização do real prejudica as empresas brasileiras com dívidas em moeda estrangeira, aumentando o custo de pagamento de empréstimos e comprometendo a rentabilidade das corporações.
O Banco Central segue sua estratégia de intervenções pontuais para tentar controlar a volatilidade, mas o cenário global e as expectativas para os próximos passos das autoridades monetárias de Estados Unidos e Brasil continuam a desafiar as autoridades financeiras a encontrar soluções eficazes.
Com um ambiente de incertezas políticas e econômicas tanto no Brasil quanto no exterior, o mercado permanece volátil, e a cotação do dólar pode seguir seu caminho de altas se o cenário não se estabilizar nas próximas semanas. A comunidade financeira e os analistas esperam por mais intervenções e atualizações de políticas monetárias que possam dar mais previsibilidade aos movimentos cambiais.