Prisão de General escancara a “sanha” do “sistema” contra Bolsonaro
A declaração da deputada Bia Kicis (PL-DF) sobre o inquérito do suposto golpe de Estado envolvendo o ex-presidente Jair Bolsonaro, o ex-ministro da Defesa Walter Braga Netto e outras figuras próximas ao governo anterior, reflete um discurso forte de resistência por parte de aliados de Bolsonaro. Kicis questiona a validade das investigações e argumenta que o relatório da Polícia Federal (PF), que supostamente aponta elementos de uma tentativa de golpe após as eleições de 2022, é baseado em “fantasias”.
Segundo ela, se realmente houvesse a intenção de um golpe de Estado, isso teria ocorrido quando Bolsonaro ainda era o presidente e “chefe supremo das Forças Armadas”, e não após o resultado das eleições, quando ele já estava fora do Brasil. A deputada ainda faz uma dura crítica à perseguição que, em sua opinião, está sendo movida contra Bolsonaro e seus aliados, sugerindo que a prisão do general Braga Netto — assim como outras ações contra figuras ligadas ao ex-presidente — são parte de uma estratégia maior para incriminar Bolsonaro, a qualquer custo, sem respeitar os direitos legais e constitucionais.
“A Sanha do Sistema”
A expressão de Kicis sobre uma “sanha do sistema” reflete a percepção de que uma série de ações judiciais e investigações têm o objetivo de atingir o ex-presidente e seus aliados, visando enfraquecer a oposição e, possivelmente, criminalizar a liderança bolsonarista. Essa narrativa sustenta que a Polícia Federal, o Supremo Tribunal Federal (STF) e outras instituições estariam agindo em conjunto para pressionar Bolsonaro e seus defensores, buscando uma eventual prisão ou condenação, com base em acusações que muitos consideram vazias ou politicamente motivadas.
No centro desse debate está a disputa entre o PT e a oposição, com aliados do ex-presidente Bolsonaro argumentando que há uma tentativa de criminalizar não apenas o ex-presidente, mas também as figuras políticas e militares que estiveram em seu governo. A prisão de figuras como o general Braga Netto, acusado de obstrução da justiça no caso da delação do tenente-coronel Mauro Cid, apenas reforça essa narrativa de que o “sistema” está determinado a colocar todos os envolvidos sob suspeita e, possivelmente, atrás das grades.
O Que Está em Jogo
Por outro lado, o governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e suas bases sustentam que as investigações têm como objetivo preservar a democracia e impedir que tentativas de desestabilização do regime sejam toleradas. A ideia é que qualquer movimento que questione o resultado das urnas ou tente deslegitimar o processo eleitoral precisa ser rigorosamente investigado, para garantir a estabilidade do país.
Com o foco nos militares e em figuras da direita que desempenharam papéis chave no governo Bolsonaro, como o próprio Braga Netto e o tenente-coronel Mauro Cid, a acusação de uma possível tentativa de golpe segue sendo um tema central das investigações. O relatório da PF tem sido visto, por parte dos aliados de Bolsonaro, como uma tentativa de manchar a reputação de figuras públicas ligadas ao ex-presidente, com base em suposições e informações não confirmadas.
O Debate Legal e Constitucional
A defesa do ex-presidente Bolsonaro e de outros acusados nas investigações, como o general Braga Netto, reforça o argumento de que não houve crime. Segundo os advogados, todas as ações dos envolvidos estão dentro da legalidade e não há elementos concretos para sustentar as acusações de golpe ou obstrução de justiça. Já a acusação, sustentada pelo STF e pela PF, considera que houve tentativas de manipulação e obstrução das investigações em curso, algo que, segundo eles, deve ser combatido com rigor para preservar a ordem pública e o estado democrático de direito.
No entanto, as críticas à forma como as investigações estão sendo conduzidas, principalmente no que diz respeito à condução de medidas cautelares e prisões preventivas, continuam a gerar um debate acirrado sobre o respeito ao devido processo legal e à liberdade política.
A Percepção Popular
No cenário atual, muitos eleitores e apoiadores de Bolsonaro sentem que há uma perseguição política em curso, onde as instituições estão sendo usadas para criminalizar uma parte significativa da oposição ao governo Lula. Esse sentimento de injustiça é alimentado por declarações de figuras como Bia Kicis, que, ao questionar a legitimidade do inquérito e as acusações, alimenta uma narrativa de vítima política. Para eles, o que está em jogo é a preservação da liberdade de expressão e da atuação política de uma ala do país que foi vitoriosa nas urnas em 2018, mas que, agora, enfrenta uma pressão crescente de setores do judiciário e da imprensa.
Por outro lado, setores ligados ao governo Lula consideram que a prisão de figuras como o general Braga Netto e o andamento das investigações são necessários para evitar que tentativas de subversão ao processo eleitoral e à ordem democrática se proliferem. Assim, o conflito continua alimentando um clima de polarização no país, com os dois lados se posicionando fortemente sobre o que consideram ser uma luta pela verdade ou uma perseguição política.
Conclusão
A prisão de figuras ligadas ao ex-presidente Bolsonaro, como o general Braga Netto, é apenas o reflexo de uma disputa mais ampla no cenário político brasileiro, onde as questões judiciais, as narrativas políticas e a polarização ideológica se entrelaçam. Para a deputada Bia Kicis e seus aliados, tudo isso não passa de uma estratégia do “sistema” para destruir a oposição, especialmente a figura de Bolsonaro, enquanto o governo e seus apoiadores insistem na necessidade de investigações profundas para garantir que qualquer ato de subversão seja rapidamente neutralizado. O desfecho dessa luta está longe de ser previsível e seguirá movimentando as discussões políticas no Brasil por um bom tempo.