Carne acumula inflação de 15,43% em 12 meses, a maior desde a pandemia; economista faz alerta
A alta nos preços das carnes, especialmente a carne bovina, em 2024, está gerando impacto significativo no orçamento das famílias brasileiras, especialmente naqueles que dependem do consumo desses produtos para a alimentação cotidiana. A inflação das carnes acelerou consideravelmente, passando de 8,33% em outubro para 15,43% em novembro, o maior aumento registrado desde outubro de 2021. Esse aumento impactou diretamente o custo do tradicional churrasco brasileiro e elevou o preço de outros cortes populares, como a alcatra, chã de dentro, contrafilé e costela, que tiveram variações consideráveis no mês de novembro.
Motivos da Alta dos Preços
O aumento nos preços das carnes tem diversas razões estruturais e conjunturais. Dentre os principais fatores estão:
- Menor oferta de animais para abate: A quantidade de gado disponível para abate foi reduzida, o que pressionou a oferta de carne no mercado interno. Isso pode estar relacionado à escassez de pasto ou a uma menor criação de animais.
- Aumento das exportações: O crescimento das exportações brasileiras de carne, especialmente para mercados internacionais como a China, diminui a quantidade disponível para o consumo interno, o que eleva os preços.
- Avanço na cotação da arroba do boi gordo: O preço da arroba do boi gordo atingiu níveis históricos, impulsionando os custos no atacado e, por consequência, repassando o aumento para o consumidor final.
- Demanda sazonal de fim de ano: O consumo de carne bovina tende a aumentar nos meses de novembro e dezembro devido às festividades de fim de ano, como o Natal e o Ano Novo, o que intensifica a pressão sobre os preços.
Impacto na Alimentação das Famílias
O aumento da inflação das carnes também pressionou o grupo de alimentação e bebidas, que subiu 1,55% em novembro. Este aumento no custo da carne se reflete diretamente no orçamento das famílias, especialmente para as que consomem carne com regularidade. Como as carnes representam uma parcela considerável da cesta básica, muitos brasileiros estão tendo que adaptar seus hábitos alimentares para lidar com esse aumento.
Limites do Consumo e Alternativas
O economista Douglas de Holanda aponta que, com o aumento das carnes no orçamento das famílias, muitas pessoas poderão não ter mais margem para continuar comprando carne bovina como consumiam anteriormente. Esse fenômeno pode intensificar uma substituição das carnes mais caras, como a carne de boi, por alternativas mais acessíveis, como carne suína, frango e ovos.
Substituição no consumo: Para 2025, caso a inflação das carnes continue, a tendência é que as famílias busquem cada vez mais alternativas para reduzir o impacto no orçamento. A carne suína e o frango, que são mais baratos que a carne bovina, podem ganhar mais espaço na dieta dos brasileiros. O consumo de ovos também pode se tornar uma alternativa interessante, considerando o seu custo relativamente mais baixo.
Expectativa para o Fim de Ano e 2025
A expectativa para o mês de dezembro é de que a alta dos preços continue, impulsionada pela demanda sazonal e pela continuidade da alta no preço do boi gordo. Com as festividades de fim de ano, a tendência é que os preços de carnes mais tradicionais, como a picanha e a costela, sigam em alta. Isso pode afetar ainda mais a renda das famílias, que terão que buscar alternativas para se adaptar a um mercado mais caro.
Além disso, se os preços das carnes continuarem subindo em 2025, a mudança no padrão de consumo das famílias pode ser mais pronunciada, com a carne bovina sendo substituída por opções mais baratas. Esse cenário de substituição pode trazer um impacto significativo na indústria da carne, que precisará se ajustar a essas novas demandas.