Galisteu não foi o único personagem ocultado na estranha minissérie sobre a vida de Senna

Quem é fã de Ayrton Senna, com certeza já ouviu falar de Junior, o amigo de longa data que o acompanhou em várias fases da vida, principalmente durante o início de sua carreira na Fórmula 1. Junior, que morava junto com o piloto e a ex-esposa Lilian na Europa, era mais que um simples amigo. Desde o início da carreira de Senna, em 1981, quando ele se casou e foi para a Europa competir na Fórmula Ford, Junior estava ao seu lado, não só como um amigo de infância, mas também como um assessor pessoal.

Quando Senna se divorciou de Lilian em 1984, Junior tornou-se uma figura constante em sua vida. A relação entre os dois se fortaleceu e, a partir daquele momento, Junior passou a acompanhar o piloto de perto nas competições da Fórmula 1, sempre no Paddock, agindo como um fiel escudeiro. A amizade entre eles vinha de longa data, o que garantiu uma proximidade e confiança quase inabaláveis.

Contudo, a relação de Senna com Junior foi marcada por um período de especulação pública. Naquele período, Senna era constantemente visto acompanhado de Junior, e isso gerou rumores sobre a sexualidade do piloto. Em 1987, o então rival Nelson Piquet alavancou boatos ao insinuar que Senna poderia ser homossexual, especulação alimentada pelo fato de Senna não estar namorando na época e sempre estar na companhia de Junior.

Esses boatos foram o ápice da rivalidade entre Senna e Piquet, com o primeiro já contratado pela McLaren e o segundo se preparando para sair da equipe e se juntar à Lotus. Durante essa fase, o vínculo com Junior parecia tão forte que muitos começaram a especular que havia algo mais entre os dois, embora nunca tenha havido qualquer comprovação disso. No entanto, os boatos começaram a ganhar força, e Junior desapareceu misteriosamente das corridas e da vida pública de Senna, o que gerou especulações de que ele teria sido afastado pela família de Senna, embora essa teoria nunca tenha sido confirmada.

Em meio a essa polêmica, uma surpresa: no ano seguinte, Ayrton Senna apareceu namorando ninguém menos do que Xuxa, a rainha dos baixinhos, o que gerou um impacto midiático gigantesco. A mídia não perdeu tempo e usou a novidade para criar uma narrativa em torno de Senna, distorcendo, talvez, a realidade em busca de audiência.

Esse enredo foi retratado na recente série da Netflix sobre a vida de Senna. Mas, ao longo dos episódios, um fato curioso chamou a atenção de muitos: a ausência de Junior e de Adriane Galisteu, última namorada de Senna e figura polêmica no seio familiar do piloto. Enquanto Xuxa ganhou um episódio inteiro, Junior, amigo e figura crucial nos primeiros anos de Senna, foi completamente ignorado. A ausência de Junior é um ponto que levanta questões sobre o que é realmente histórico e o que foi adaptado ou omitido para fins de dramatização. A série, ao focar apenas em certos aspectos da vida de Senna, parece ignorar as pessoas que realmente tiveram um papel significativo em sua trajetória, principalmente nas primeiras fases da sua carreira.

A grande pergunta que fica é: o que é ficção e o que é realidade nessa série? Como contar uma história com omissões e distorções que ajudam a manter a imagem de um herói intacta, mas ao mesmo tempo, deixam de lado figuras que de fato foram essenciais na vida do piloto. Talvez, como muitos argumentam, essa seja uma estratégia para vender assinaturas de streaming e criar uma narrativa mais palatável para o público, mas é, sem dúvida, uma versão parcialmente ficcionalizada da história.

A verdade, portanto, pode estar oculta entre as camadas de uma história reescrita, e o que se percebe é que, mesmo décadas após sua morte, Ayrton Senna segue sendo um ícone que, para muitos, ainda precisa ser protegido e representado de maneira quase mítica, omissões e tudo.