Nesse contexto, o jornalista Paulo Cappelli, em sua coluna no site Metrópoles, trouxe à tona uma nota que detalha um episódio relevante. De acordo com a coluna, em seu último mês de governo, Bolsonaro teria negado um pedido para substituir o ministro da Defesa, general Paulo Sérgio Nogueira, que se opunha a qualquer ação golpista. A solicitação foi feita por um aliado próximo, o secretário-executivo da Secretaria-Geral da Presidência, general Mario Fernandes, que foi preso em 19 de novembro de 2024 durante a Operação Contragolpe da Polícia Federal (PF).
O diálogo ocorreu em 8 de dezembro de 2022, quando Fernandes sugeriu a Bolsonaro a substituição de Nogueira por outro militar mais alinhado com a ideia de impedir a posse de Lula. Ele contou a um assessor de Bolsonaro, Marcelo Câmara, que havia discutido a troca com o presidente, mencionando a possível indicação do general Braga Netto, uma figura conhecida por seu apoio ao então presidente. Fernandes argumentou que, com Braga Netto, teria um “apoio mais efetivo” para a implementação de um plano que visava contornar a transição de poder.
Bolsonaro, no entanto, recusou a proposta, dizendo: “Ah, não, porra, aí vão alegar que eu tô mudando isso pra dar um golpe”. Esse trecho sugere que o próprio Bolsonaro estava consciente das implicações políticas e legais de tais ações.
O diálogo, conforme relatado por Fernandes, revela uma conversa em que ele fala sobre a necessidade de “quebrar ovos” e de buscar “apoio popular”, indicando uma disposição para enfrentar dificuldades, mas sem o respaldo do presidente. Essa troca de mensagens mostra a distância entre o presidente e qualquer ação golpista proposta por membros de seu entorno.
A publicação dessa conversa serve como mais um indicativo de que, embora algumas pessoas ao redor de Bolsonaro pudessem nutrir desejos de desestabilizar o processo eleitoral, não há evidências claras de que o ex-presidente tenha sido parte ativa ou tenha endossado tais planos.