Vitor relatou em seu depoimento que, antes dos atos, vivia nas ruas de São Paulo e aceitou a oferta de uma mulher para viajar a Brasília na esperança de melhorar suas condições de vida. Ele afirmou que sua intenção era apenas se abrigar e se alimentar no Quartel General do Exército e que não tinha envolvimento com as manifestações políticas. Durante a invasão ao Senado, Vitor relatou que seguiu a multidão, mas limitou-se a orar e afirmou não ter entendimento sobre as questões políticas que estavam em jogo.
O caso de Vitor é emblemático por levantar questões sobre a detenção de pessoas em situações de vulnerabilidade, muitas vezes envolvidas em situações sem compreender plenamente o contexto ou os impactos de suas ações. Segundo a Defensoria Pública da União (DPU), não foram encontradas provas materiais, como DNA ou outras evidências, que ligassem Vitor aos atos de depredação. Esse fato reforça a defesa de que ele não teve participação direta nos crimes investigados.
Vitor já passou oito meses preso, o que gera um debate sobre a proporcionalidade de sua detenção preventiva, considerando sua situação de extrema pobreza e falta de compreensão dos acontecimentos. Ele cresceu em um orfanato e foi abandonado pela mãe, fato que contribuiu para sua trajetória de vulnerabilidade social.
O julgamento no STF, que segue no plenário virtual e deve ser concluído até o dia 18 de outubro, pode abrir precedentes importantes sobre como o sistema de justiça trata indivíduos em situações de fragilidade social, especialmente em casos onde a participação nos crimes investigados é questionável. Este caso também traz à tona a discussão sobre os muitos outros que, como Vitor, estão presos sem provas conclusivas de envolvimento nos atos de 8 de janeiro.