Bloqueio de Twitter/X no Brasil priva cidadãos de notícias internacionais

O bloqueio da rede social Twitter/X no Brasil, iniciado em 31 de agosto por ordem do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), está gerando um isolamento informacional no país, especialmente no que diz respeito ao recebimento e compartilhamento de notícias urgentes internacionais. Segundo o portal Poder360, essa suspensão afeta o acesso a informações significativas, muitas vezes divulgadas primeiramente na plataforma, como comunicados de figuras públicas internacionais, como Kamala Harris, vice-presidente dos EUA, e o líder supremo do Irã, aiatolá Ali Khamenei.

Com a ausência do Twitter/X, muitos brasileiros migraram para alternativas como Threads, da Meta, e Bluesky, fundada pelo ex-CEO do Twitter, Jack Dorsey. No entanto, essas plataformas ainda não alcançam o mesmo nível de disseminação de informações, deixando o Brasil, de certa forma, “desconectado” de grandes eventos globais. Apenas o presidente da Colômbia, Gustavo Petro, faz uso regular do Bluesky, enquanto outras figuras políticas internacionais utilizam o Threads de forma esporádica.

O impacto mais profundo do bloqueio, segundo especialistas como a pesquisadora Luciana Moherdaui, é sobre a imprensa e o jornalismo, que dependem das plataformas sociais para obter e disseminar informações rapidamente. Ela destacou que, sem o acesso ao Twitter/X, muitos brasileiros perderam acesso imediato a notícias cruciais, prejudicando o debate público.

Entre as informações que circularam pelo Twitter/X recentemente e que o Brasil perdeu acesso imediato, estão notícias como a operação militar de Israel no Líbano, a tentativa de atentado contra Donald Trump, e o falecimento de figuras políticas de relevância, como o líder do Hezbollah, Hasan Nasrallah. Isso reforça a ideia de que, embora o Twitter/X não seja a única fonte de informações, sua agilidade em divulgar notícias importantes coloca o Brasil em desvantagem informacional.

Além disso, o bloqueio tem sido alvo de críticas e defesas. Mais de 50 intelectuais de esquerda assinaram uma carta apoiando o bloqueio, argumentando que ele contribui para a soberania digital do Brasil. No entanto, críticos apontam que tal bloqueio limita o acesso à liberdade de expressão e ao livre fluxo de informações. A ministra do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Cármen Lúcia, apoiou a suspensão, afirmando que as empresas que operam no Brasil devem cumprir as leis locais, mas ressaltou que não possui dados sobre a possível redução na disseminação de fake news.

O bloqueio também levanta questões sobre o futuro da mídia digital no Brasil e o impacto das redes sociais na política, uma vez que muitos políticos brasileiros, como o próprio presidente Luiz Inácio Lula da Silva, têm menos seguidores em plataformas alternativas como Threads, em comparação com o Twitter/X.

Em um cenário em que a conectividade global é cada vez mais crucial, o Brasil se vê em um dilema entre a busca por controle legal das plataformas e a necessidade de manter a transparência e informação em tempo real disponíveis para a população.

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Bruno Rigacci

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