O que ninguém tem coragem de falar sobre Bonner e sua militância é exposto

O cenário atual do jornalismo brasileiro está no centro de um debate acalorado, especialmente no que diz respeito à sua relação com a militância política e à perda de credibilidade. O livro “Jornalismo: A Um Passo do Abismo”, de Alexandre Siqueira, se destaca como uma crítica contundente a esse fenômeno, trazendo à tona questões que há muito tempo circulavam em bastidores, mas raramente eram discutidas abertamente.

Siqueira não poupa palavras para descrever o que considera uma fase decadente do jornalismo no Brasil. Ele argumenta que o jornalismo, em especial o praticado em alguns dos grandes veículos de comunicação, teria se afastado de seu compromisso com a verdade e a objetividade para abraçar agendas políticas e ideológicas. Ao longo da obra, o autor examina como essa transformação impacta a credibilidade da imprensa e a percepção pública de jornalistas, como o âncora William Bonner, que, embora tenha construído uma carreira de seriedade, vem sendo criticado por alegadas inclinações políticas.

A Evolução e a Decadência do Jornalismo

Um dos pontos centrais do livro é o panorama histórico traçado por Siqueira, que revisita o papel da imprensa desde os tempos coloniais até o presente. Ele destaca o papel fundamental que o jornalismo teve em períodos críticos, como o Império, a República e a redemocratização, contrastando esses momentos com o que vê como uma crise atual de credibilidade. Para Siqueira, o jornalismo brasileiro atravessa uma fase em que a objetividade foi substituída por narrativas politicamente motivadas, comprometendo a confiança do público.

O autor também critica a postura de aceitação que muitos grandes veículos de comunicação adotaram em relação a esse novo estilo de jornalismo. Ele argumenta que essa transição para um jornalismo militante, que privilegia determinadas agendas políticas, é uma ameaça à função essencial da imprensa, que é informar de maneira neutra e justa.

William Bonner e o Debate sobre a Imparcialidade

No livro, Siqueira usa o exemplo de William Bonner, âncora do Jornal Nacional, para ilustrar como jornalistas influentes se tornaram alvo de críticas devido à suposta parcialidade. Bonner, que durante anos manteve uma imagem de imparcialidade, é citado como um exemplo de como a mídia brasileira estaria permitindo que narrativas políticas moldassem a cobertura jornalística.

A discussão em torno de Bonner é emblemática de um problema mais amplo. Siqueira argumenta que jornalistas influentes como ele não apenas promovem suas visões políticas, mas o fazem com a conivência de grandes veículos, o que mina a credibilidade da imprensa. Esse comportamento, segundo o autor, contribui para uma percepção crescente de que o jornalismo brasileiro está cada vez mais polarizado.

Impacto das Novas Tecnologias e das Redes Sociais

Siqueira também explora o impacto que as redes sociais e as novas tecnologias tiveram sobre o jornalismo. Ele argumenta que, embora a internet tenha democratizado o acesso à informação, ela também criou um ambiente caótico onde a busca por cliques e engajamento nas redes sociais muitas vezes supera o compromisso com a precisão e a veracidade.

Para o autor, essa corrida por popularidade e visibilidade online levou à produção de conteúdos de menor qualidade e, em alguns casos, à disseminação de desinformação. Siqueira aponta que muitos veículos de comunicação e jornalistas, ao invés de se adaptarem a esse novo cenário de maneira ética, acabaram se rendendo às pressões de mercado, comprometendo a integridade de suas reportagens.

A Crise de Credibilidade

A perda de credibilidade é um dos temas centrais da obra. Para Siqueira, o maior problema enfrentado pelo jornalismo atual é justamente essa perda de confiança do público. Ele afirma que muitos jornalistas, ao invés de reconhecerem e corrigirem seus erros, adotam uma postura defensiva, o que apenas aumenta o distanciamento entre a imprensa e seus leitores, ouvintes e telespectadores.

Essa crise de credibilidade, segundo o autor, é exacerbada pela falta de transparência e pela insistência de alguns jornalistas em se colocarem como guardiões da verdade, sem abrir espaço para a autocrítica. O resultado é um público cada vez mais desconfiado, que questiona a veracidade das informações e busca alternativas em fontes não tradicionais, muitas vezes de qualidade duvidosa.

A Caminho do Abismo?

O título do livro, “Jornalismo: A Um Passo do Abismo”, sugere que o setor está em uma encruzilhada crítica. Siqueira acredita que, se mudanças não forem feitas rapidamente, o jornalismo brasileiro pode entrar em um colapso do qual será difícil se recuperar. Ele alerta que a insistência em agendas políticas e a falta de compromisso com a verdade podem comprometer de maneira irreversível o papel da imprensa como pilar da democracia.

No entanto, o autor também vê esperança. Para ele, há espaço para uma renovação do jornalismo, desde que os profissionais da área reconheçam seus erros e se comprometam a voltar aos princípios fundamentais da profissão: imparcialidade, precisão e responsabilidade. O livro sugere que a sociedade precisa continuar exigindo um jornalismo de qualidade, que sirva aos interesses públicos e não a interesses políticos ou corporativos.

“Jornalismo: A Um Passo do Abismo” é um convite à reflexão, não apenas para os jornalistas, mas para o público em geral. Ele levanta questões importantes sobre o estado atual da imprensa e o impacto que isso tem na democracia e no debate público. Com uma análise profunda e críticas incisivas, Alexandre Siqueira desafia o status quo do jornalismo brasileiro e pede uma reformulação urgente antes que seja tarde demais. Para os críticos da grande mídia, o livro oferece um respaldo às suas preocupações, enquanto para os jornalistas citados, representa uma oportunidade de reavaliar suas práticas e o papel da imprensa na sociedade moderna.

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Bruno Rigacci

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