Gleisi Hoffmann culpa Bolsonaro por incêndios no Brasil
A presidente nacional do Partido dos Trabalhadores (PT), Gleisi Hoffmann, responsabilizou o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) pela intensificação das queimadas no Brasil. Em uma publicação nas redes sociais nesta quinta-feira (19), Gleisi afirmou que os cortes de verbas durante o governo Bolsonaro direcionados ao Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) e ao Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) são os principais motivos para o aumento dos incêndios florestais no país.
Declarações e Críticas a Bolsonaro
A dirigente do PT fez duras críticas ao governo anterior, mencionando também a frase polêmica do ex-ministro do Meio Ambiente Ricardo Salles, que falou em “passar a boiada” em referência à flexibilização das leis ambientais durante a pandemia de Covid-19. Segundo Hoffmann, essa postura foi um incentivo ao desmatamento e à destruição das políticas ambientais no Brasil.
— Bolsonaro é o maior responsável pela explosão das queimadas, do desmatamento e pelo desmonte das nossas leis e defesas contra desastres climáticos — afirmou Gleisi em um vídeo publicado no Instagram.
O vídeo foi um trecho de uma entrevista concedida à CNN Brasil na quarta-feira (18), onde a presidente do PT também destacou que o governo Bolsonaro cortou mais da metade das verbas do Ibama e ICMBio e não realizou concursos públicos para recompor o quadro de servidores desses órgãos ambientais, enfraquecendo as ações de fiscalização e combate ao desmatamento.
Incentivo ao Garimpo e à Invasão de Terras Indígenas
Além das queimadas, Gleisi Hoffmann acusou o ex-presidente de incentivar o garimpo ilegal e a invasão de terras indígenas, áreas frequentemente impactadas por incêndios criminosos e desmatamento ilegal. Ela ressaltou a ligação entre a redução de recursos e as políticas ambientais frouxas adotadas no governo anterior, que facilitaram a degradação do meio ambiente no país.
— E quando o ministro da destruição do meio ambiente falou em passar a boiada na legislação ambiental, enquanto as atenções estavam na covid, lembram? — disse a petista, relembrando a famosa reunião ministerial de abril de 2020, quando Salles sugeriu aproveitar a pandemia para modificar leis ambientais sem grande repercussão.
Governo Lula Sob Pressão
As críticas da oposição ao atual governo, liderado por Luiz Inácio Lula da Silva (PT), também foram abordadas por Gleisi. Nos últimos dias, o governo de Lula tem enfrentado pressão devido à gravidade das queimadas que atingem diversas regiões do Brasil. Os incêndios causaram prejuízos de R$ 1,1 bilhão, segundo dados da Confederação Nacional dos Municípios (CNM), e o presidente Lula admitiu, em uma reunião com diversas autoridades, que o Brasil não estava totalmente preparado para enfrentar os incêndios florestais.
A reunião, ocorrida na terça-feira (17), contou com a presença de líderes como o presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Luís Roberto Barroso, o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, e o presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira, além de ministros do governo e outras autoridades. O encontro foi realizado para discutir estratégias de combate às queimadas e reforçar as ações emergenciais do governo.
Em seu discurso, Lula admitiu a gravidade da situação e fez um apelo à preservação da natureza, mencionando que as ações humanas irresponsáveis têm gerado consequências desastrosas para o meio ambiente.
— A natureza resolveu nos dar uma lição de dizer o seguinte: “Olha, ou vocês cuidam corretamente de mim, ou eu não sou obrigada a suportar tanta irresponsabilidade, tanta coisa errada, equivocada, que os humanos estão fazendo” — declarou o presidente.
Medidas de Combate às Queimadas
Apesar das críticas e desafios enfrentados pelo governo, a administração de Lula tem tomado medidas para combater as queimadas. O governo anunciou multas de R$ 635 milhões para fazendeiros responsáveis por incêndios em suas propriedades, como forma de coibir práticas ilegais que contribuem para o agravamento das queimadas. Além disso, a ministra do Meio Ambiente e Mudança Climática, Marina Silva, tem defendido a implementação de penas mais severas para crimes ambientais, visando desestimular ações predatórias que afetam o meio ambiente.
O governo também tem buscado parcerias internacionais para melhorar a fiscalização e o combate às queimadas. Em um esforço para reverter a imagem negativa do Brasil em relação à preservação ambiental, Lula tem retomado diálogos com países e organizações estrangeiras para fortalecer a luta contra o desmatamento e proteger biomas importantes, como a Amazônia.
Oposição e Futuro das Políticas Ambientais
Enquanto o governo Lula busca avançar na agenda ambiental, a oposição continua a criticar as ações do atual governo. Aliados de Bolsonaro argumentam que o governo anterior não é o único responsável pelas queimadas e desmatamento, e acusam o PT de usar a questão ambiental como estratégia política para desviar o foco de problemas em outras áreas.
A disputa política em torno do meio ambiente no Brasil reflete um dos temas mais sensíveis na gestão de Lula. Com pressões de setores internacionais e internos, o governo precisa equilibrar as demandas por desenvolvimento econômico com a necessidade de proteger o meio ambiente. Essa balança será fundamental para determinar o sucesso ou fracasso das políticas ambientais nos próximos anos.
Em um cenário em que as mudanças climáticas estão se tornando uma preocupação global cada vez maior, o Brasil, como guardião de grande parte da Floresta Amazônica, tem um papel crucial a desempenhar no combate ao desmatamento e à preservação da biodiversidade. As medidas adotadas pelo governo Lula, se bem-sucedidas, podem ajudar a restaurar a imagem do país no cenário ambiental internacional.