Prisão de CEO do Telegram eleva tensão entre Rússia e França

A prisão de Pavel Durov, fundador e CEO do Telegram, na França, gerou uma nova onda de tensões diplomáticas entre Paris e Moscou. Detido na noite de sábado (24) no aeroporto Le Bourget, no norte de Paris, Durov, que tem 39 anos e nasceu na Rússia, foi acusado de facilitar crimes graves como tráfico de drogas e disseminação de pornografia infantil por meio de sua plataforma, que, segundo as autoridades francesas, não tem cooperado com investigações.

Em resposta à prisão, o Ministério das Relações Exteriores da Rússia exigiu acesso consular imediato a Durov. A porta-voz do ministério, Maria Zakharova, afirmou que a embaixada russa em Paris enviou uma nota oficial ao Ministério das Relações Exteriores da França, solicitando a visita de diplomatas russos ao empresário detido. Zakharova também ressaltou que Moscou está monitorando de perto a reação de organizações internacionais que defendem os direitos humanos e a liberdade de expressão, sugerindo que elas deveriam adotar a mesma postura vigilante em relação a essa situação.

A prisão de Durov é vista por algumas autoridades russas como um ato hostil contra a Rússia, apesar de Durov ter deixado o país em 2014 e ter obtido cidadanias nos Emirados Árabes Unidos e na França. Dmitry Medvedev, vice-presidente do Conselho de Segurança da Rússia, sugeriu que, apesar de Durov ter se distanciado da Rússia, ele continua sendo percebido como um cidadão russo pelas autoridades ocidentais, o que o torna “imprevisível e perigoso” aos olhos do Ocidente.

A prisão ocorre em um momento em que a Europa está cada vez mais preocupada com o uso do Telegram por criminosos. A falta de moderação e a recusa da plataforma em cooperar com autoridades europeias para combater crimes graves têm sido criticadas amplamente. Além disso, o Telegram é uma plataforma crucial em vários países do Leste Europeu, sendo utilizada tanto por autoridades russas quanto ucranianas para transmitir informações sobre a guerra em andamento, além de servir como uma ferramenta para recrutamento de agentes e para operações de sabotagem.

A detenção de Durov, portanto, pode ter implicações significativas não apenas no âmbito legal, mas também no campo da segurança internacional, com agências de inteligência ocidentais possivelmente interessadas em obter informações valiosas relacionadas às comunicações criptografadas no Telegram. França, que recentemente foi alvo de operações de inteligência russa, poderá usar essa oportunidade para pressionar o Telegram a cooperar mais amplamente com investigações em andamento.

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Bruno Rigacci

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